O SABOR
DE PERDER
Nasrudin
viu um homem sentado à beira de uma estrada, com ar de completa desolação.
- O
que o preocupa? – quis saber.
- Meu
irmão, não existe nada interessante na minha vida. Tenho dinheiro suficiente para
não precisar trabalhar e estava viajando para ver se havia alguma coisa curiosa
no mundo. Entretanto, todas as pessoas que encontrei nada têm de novo para me dizer
e só conseguem aumentar meu tédio.
Na
mesma hora, Nasrudin agarrou a mala do homem e saiu correndo pela estrada. Como
conhecia a região, rapidamente conseguiu distanciar-se dele, pegando atalhos pelos
campos e colinas.
Quando
se distanciou bastante, colocou de novo a mala no meio da estrada por onde o viajante
iria passar e escondeu-se atrás de uma rocha.
Meia hora depois, o homem apareceu,
sentindo-se mais miserável que nunca, por causa do ladrão que encontrara.
Assim
que viu a mala, correu até ela e abriu-a, ofegante. Ao ver que o seu conteúdo estava
intacto, olhou para o céu cheio de alegria e agradeceu ao Senhor pela vida.
“Certas
pessoas só entendem o sabor da felicidade quando conseguem perdê-la”, pensou Nasrudin,
olhando a cena.
in “Parábolas e Contos de
Nasrudin” – organizado por Alexander Rangel.
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