A ROUPA DO MEU AMOR
A roupa do meu amor
Não é lavada
no rio:
É lavada no mar alto
à sombrinha do navio.
É lavada no mar alto
à sombrinha do navio.
Não é lavada
no rio
A roupa do meu amor:
É lavada no mar largo
à sombrinha do vapor.
A roupa do meu amor:
É lavada no mar largo
à sombrinha do vapor.
Já corri o mar em roda
Co’ma vela branca acesa;
Em todo o mar achei fundura
Só em ti pouca firmeza.
Já corri o mar em volta
nas asas duma cegonha;
Não há que fiar nos homens,
Qu’eles não têm vergonha!
Já passei o mar a nado,
nas ondas do teu cabelo,
Agora já posso dizer:
-Já passei o mar sem medo!
Já passei o mar a nado,
Co’ma vela branca acesa;
Em todo o mar topei fundo
Só em ti pouca firmeza.
Quadras recolhidas por José Leite de Vasconcelos, filólogo, etnógrafo (Portugal, 1858 – 1941).
Imagem: pintura de Vincent van Gogh (Holanda, 1853 – França, 1890)
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