DAMIÃO DE GÓIS
(Alenquer, Portugal, 1502 – Lisboa, 1574)
Historiador, humanista, historiógrafo
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Foi a mais notável figura da cultura renascentista em Portugal. Foi perseguido e preso pela Inquisição por suspeitas de heresia e por simpatizar com ideias protestantes.
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“O
MASSACRE DE LISBOA” (DOMINGO DE PASCOELA – 19 DE ABRIL DE 1506)
No
mosteiro de São Domingos existe uma capela, chamada de Jesus, e nela há um
Crucifixo, em que foi então visto um sinal, a que deram foros de milagre,
embora os que se encontravam na igreja julgassem o contrário. Destes, um
Cristão-novo (julgou ver, somente), uma candeia acesa ao lado da imagem de
Jesus. Ouvindo isto, alguns homens de baixa condição arrastaram-no pelos
cabelos, para fora da igreja, e mataram-no e queimaram logo o corpo no Rossio.
Ao alvoroço
acudiu muito povo a quem um frade dirigiu uma pregação incitando contra os
Cristãos-novos, após o que saíram dois frades do mosteiro com um crucifixo nas
mãos e gritando: “Heresia! Heresia!”
Isto impressionou grande multidão de gente
estrangeira, marinheiros de naus vindos da Holanda, Zelândia, Alemanha e outras
paragens.
Juntos mais de quinhentos, começaram a matar os Cristãos-novos que
encontravam pelas ruas, e os corpos, mortos ou meio-vivos, queimavam-nos em
fogueiras que acendiam na ribeira (do Tejo) e no Rossio. Na tarefa ajudavam-nos
escravos e moços portugueses que, com grande diligência, acarretavam lenha e
outros materiais para acender o fogo. E, nesse Domingo de Pascoela, mataram
mais de quinhentas pessoas.
in “Crónica de D. Manuel I”
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