RAMIRO CALLE
(Madrid, Espanha, 1943)
Escritor,
mestre de yoga
***
EU É QUE SOU VERDADEIRAMENTE
IMPORTANTE
Era um homem que costumava visitar os lugares sagrados
e fazer peregrinações. Certo entardecer, no pátio do templo, vários devotos
começaram a falar com ele e perguntaram-lhe pela sua mulher.
- Ficou em casa – respondeu o homem. – Sou eu quem
visita os lugares sagrados e vai ao templo todos os dias.
- O que faz ela?
- Coisas sem importância – repôs. – Encarrega-se das
tarefas da casa; cuida dos filhos, ajuda-os com os trabalhos de casa e
educa-os, vai ao mercado e compra os alimentos; quando é preciso arranjar
alguma coisa, arranja; e quando há que pintar as paredes, também as pinta; tira
água do poço e trabalha na horta; também ajuda a minha velha mãe e, de vez em
quando, vai a casa dos seus familiares para lhes dar apoio.
- E tu, o que fazes? – perguntaram os seus
interlocutores, intrigados.
- Ah, amigos, eu é que sou verdadeiramente importante!
Eu reflicto sobre se Deus existe ou não.
in “Os melhores contos espirituais do Oriente”
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