MÁRIO BEIRÃO
(Beja, Portugal, 1890 - Lisboa, 1965)
Poeta
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Pertenceu ao grupo saudosista aglutinado à volta da revista A Águia. Já então, a par das características
saudosistas, manifesta um tom populista precursor quer do telurismo de Miguel Torga
quer do regionalismo dos neo-realistas.
A primeira fase da sua obra compõe-se dos
poemas integrados no movimento da Renascença Portuguesa.
Na segunda fase canta sobretudo
a paisagem alentejana e a «ausência» A partir de 1940 tende para a exaltação do
nacionalismo monárquico.
in “Portugueses Célebres”
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ENLEVO
Porque esse olhar de sombra de temor
Se perde em mim, às horas do sol posto,
Quando é de âmbar translúcido o teu rosto,
E a tua alma desmaia como flor;
Se perde em mim, às horas do sol posto,
Quando é de âmbar translúcido o teu rosto,
E a tua alma desmaia como flor;
Porque essas mãos, ardidas de
fervor,
Ampararam minha vida de desgosto,
Pobre que sou, Mulher, eu hei composto
Harmonias de prece em teu louvor!
Ampararam minha vida de desgosto,
Pobre que sou, Mulher, eu hei composto
Harmonias de prece em teu louvor!
Dei-te a minha alma para ti nascida,
Meus versos que são mais que a minha vida;
Por Deus, perdoa ao mísero mendigo!
Perdoa a quem, ansioso de outro mundo,
Implora à Morte o sono mais profundo,
Só pela graça de sonhar contigo!
Só pela graça de sonhar contigo!
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