domingo, 26 de abril de 2020

LIMA DE FREITAS – Pablo Picasso (I)



LIMA DE FREITAS
(Setúbal, Portugal, 1927 — Lisboa, 1998)
Pintor, desenhador, escritor

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Lima de Freitas é considerado um “Artista Total”, com um importante percurso criativo e humanista na cultura portuguesa contemporânea: pintor, ilustrador, ensaísta e brilhante investigador. Foi membro fundador da CIRET em Paris, a partir de 1992 da Comissão Consultiva junto da UNESCO para a transciplinaridade. 
É autor de ensaios e livros sobre temas de semiótica visual, estética e simbologia, bem como de inúmeros escritos sobre arte.

Fonte: “Centro Português de Serigrafia” (excerto)

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PABLO PICASSO (I)

O pintor mais célebre em todo o mundo é, por certo, Pablo Picasso. Célebre não apenas como pintor, no círculo daqueles que se interessam pela pintura, mas célebre também como homem; melhor, célebre como símbolo, como lenda, como mito. O seu nome é conhecido mesmo por pessoas incapazes de distinguir um quadro seu (corre entre nós o curioso substantivo «picassisse»); dir-se-ia que Picasso é qualquer coisa que transcende a sua obra e que a sua fama se dissociou, de algum modo, das obras que a explicariam.

Ao cabo de mais de meio século de crises, debates, escândalos e choques de correntes e tendências, em que Picasso, quase sempre, tomou parte preponderante e muitas vezes essencial, talvez tenha chegado o momento, enfim, de considerar a sua importância sem descambar numa das atitudes habituais: a atitude dos filisteus, que o condenam sem apelo, por charlatão ou «decadente», e a atitude dos que o incensam como a um semi-deus omnipotente, incapaz de fazer outra coisa além de milagres e obras-primas.


(continua)


in ”Voz Visível” – Ensaios - 1971







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