LIMA DE FREITAS
(Setúbal, Portugal, 1927 — Lisboa, 1998)
Pintor,
desenhador, escritor
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Lima de Freitas é considerado
um “Artista Total”, com um importante percurso criativo e humanista na cultura
portuguesa contemporânea: pintor, ilustrador, ensaísta e brilhante
investigador. Foi membro fundador da CIRET em Paris, a partir de 1992 da
Comissão Consultiva junto da UNESCO para a transciplinaridade.
É autor de
ensaios e livros sobre temas de semiótica visual, estética e simbologia, bem
como de inúmeros escritos sobre arte.
Fonte: “Centro Português
de Serigrafia” (excerto)
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PABLO
PICASSO (I)
O pintor mais célebre em
todo o mundo é, por certo, Pablo Picasso. Célebre não apenas como pintor, no
círculo daqueles que se interessam pela pintura, mas célebre também como homem;
melhor, célebre como símbolo, como lenda, como mito. O seu nome é conhecido
mesmo por pessoas incapazes de distinguir um quadro seu (corre entre nós o
curioso substantivo «picassisse»); dir-se-ia que Picasso é qualquer coisa que
transcende a sua obra e que a sua fama se dissociou, de algum modo, das obras
que a explicariam.
Ao cabo de mais de meio
século de crises, debates, escândalos e choques de correntes e tendências, em
que Picasso, quase sempre, tomou parte preponderante e muitas vezes essencial,
talvez tenha chegado o momento, enfim, de considerar a sua importância sem
descambar numa das atitudes habituais: a atitude dos filisteus, que o condenam
sem apelo, por charlatão ou «decadente», e a atitude dos que o incensam como a
um semi-deus omnipotente, incapaz de fazer outra coisa além de milagres e
obras-primas.
(continua)
in
”Voz Visível” – Ensaios - 1971
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