quinta-feira, 17 de abril de 2014

André Breton




André Breton  (1896-1966) nasceu em Tinchebray, França.

Poeta, ensaísta, crítico, editor e escritor, estudou medicina e psiquiatria, evidenciando um particular interesse pelas doenças mentais.

Foi o mentor da revista “Littérature”.

No  Manifesto do Surrealismo , publicado em 1924, proclamou o não conformismo  e propôs a fórmula  de criação chamada automatismo psíquico , segundo a qual escreveu o romance "Nadja", em 1928.

No Segundo Manifesto do Surrealismo, em 1930,  reafirma a fidelidade  aos princípios do movimento.

Aquando da ocupação alemã da França, Breton foi para os Estados Unidos. Em 1946, voltou para França.

Alguns dos seus livros: “Os Vasos Comunicantes”; “O Amor Louco”; “O Surrealismo e a Pintura”; “Claridade de Terra”; “Antologia do Humor Negro”; “Poesia”; “Do Surrealismo em Suas Obras Vivas”.

A "Revista Time"  descreveu Breton como o "fundador do surrealismo que se veste frequentemente de verde, bebe um licor verde, fuma num cachimbo verde, e tem um profundo conhecimento da psicologia freudiana."

 

 
Palavras de André Breton:
“Passarei a minha vida a provocar as confidências dos loucos. São pessoas de uma honestidade escrupulosa e cuja inocência só encontra um igual em mim.”
 
 

                   Poema


 
Tenho na minha frente a fada de sal
cuja túnica recamada de cordeiros
desce até ao mar
Cujo véu pregueado
de queda em queda ilumina toda a montanha.

 
Ela brilha ao sol como um lustro de água iridiscente
E os pequenos oleiros da noite serviram-se das suas
unhas onde a lua não se reflecte
para moldar o serviço de café da beladona.

 
O tempo enrodilha-se miraculosamente detrás dos seus
sapatos de estrelas de neve
ao longo dum rasto perdido nas carícias
de dois arminhos.

 
Os perigos anteriores foram ricamente repartidos
e mal extintos os carvões no abrunheiro bravo das sebes
pela serpente coral que sem custo passa
por um delgado
filete de sangue seco
na lareira profunda
sempre sempre esplendidamente negra.

 
Esta lareira onde aprendi a ver
e sobre a qual dança sem cessar
o crepe das costas das primaveras
Aquele que é necessário lançar muito alto para dourar
a mulher em cujos cabelos encontro
o sabor que perdera
O crepe mágico o sinete voador
do amor que é nosso.

 

André Breton, in “Luz da Terra”
Tradução: Nicolau Saião
                    

 



 

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