André Breton (1896-1966) nasceu em Tinchebray, França.
Poeta, ensaísta, crítico, editor e escritor, estudou
medicina e psiquiatria, evidenciando um particular interesse pelas doenças
mentais.
Foi o mentor da revista “Littérature”.
No Manifesto
do Surrealismo , publicado em
1924, proclamou o não conformismo e propôs
a fórmula de criação chamada automatismo
psíquico , segundo a qual escreveu o romance "Nadja", em 1928.
No
Segundo Manifesto do Surrealismo, em 1930, reafirma a fidelidade aos princípios do movimento.
Aquando
da ocupação alemã da França, Breton foi para os Estados Unidos. Em 1946, voltou
para França.
Alguns dos seus livros: “Os Vasos Comunicantes”;
“O Amor Louco”; “O Surrealismo e a Pintura”; “Claridade de Terra”; “Antologia
do Humor Negro”; “Poesia”; “Do Surrealismo em Suas Obras Vivas”.
A "Revista Time"
descreveu Breton como o "fundador do surrealismo que se veste
frequentemente de verde, bebe um licor verde, fuma num cachimbo verde, e
tem um profundo conhecimento da psicologia freudiana."
Palavras de André Breton:
“Passarei a minha vida a provocar as confidências dos
loucos. São pessoas de uma honestidade escrupulosa e cuja inocência só encontra
um igual em mim.”
Poema
Tenho na minha frente a fada de sal
cuja túnica recamada de cordeirosdesce até ao mar
Cujo véu pregueado
de queda em queda ilumina toda a montanha.
E os pequenos oleiros da noite serviram-se das suas
unhas onde a lua não se reflecte
para moldar o serviço de café da beladona.
sapatos de estrelas de neve
ao longo dum rasto perdido nas carícias
de dois arminhos.
e mal extintos os carvões no abrunheiro bravo das sebes
pela serpente coral que sem custo passa
por um delgado
filete de sangue seco
na lareira profunda
sempre sempre esplendidamente negra.
Esta lareira onde aprendi a ver
e sobre a qual dança sem cessaro crepe das costas das primaveras
Aquele que é necessário lançar muito alto para dourar
a mulher em cujos cabelos encontro
o sabor que perdera
O crepe mágico o sinete voador
do amor que é nosso.
André Breton, in “Luz da Terra”
Tradução: Nicolau Saião
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