Baptista
Bastos nasceu em Lisboa, no dia 27 de Fevereiro de 1934.
Frequentou a Escola António Arroio e o
Liceu Charles Lepierre.
Começou a trabalhar na redacção do
jornal “O Século”. Foi subchefe de redacção de “O Século Ilustrado”.
A sua actividade e profissionalismo
foram o esteio para trabalhar noutros órgãos de informação, tais como: “O Diário”;
“Seara Nova”; “República”; “Gazeta Musical”;“Todas as Artes”; “Época”;
“Sábado”; “Cartaz”; “Diário Popular”; “Jornal de Notícias”; “Tempo Livre”; “A
Bola”; “Almanaque”; “Artes e Ideias”; “Jornal do Fundão”.
Colaborou na Rádio Comercial e na
Antena 1, lendo as suas crónicas.
Na Sic, a convite do então Director
Emídio Rangel, apresentou o programa “Conversas Secretas”, que obteve um grande
êxito.
Mas, o seu talento não se fica só pelo
jornalismo; a literatura é outra paixão que abraça com entusiasmo.
É considerado um dos maiores
prosadores portugueses contemporâneos.
Possui uma vasta obra publicada, na
qual se destacam os livros: “O Secreto Adeus”; “Elegia para um Caixão Vazio” ;
“As Palavras dos Outros”; “Viagem de um Pai e de um Filho pelas Ruas da
Amargura”.
Os seus livros estão traduzidos em
alemão, búlgaro, checo, russo, francês e castelhano.
Recebeu
diversos Prémios Literários.
Baptista
Bastos é, actualmente, um dos raros jornalistas portugueses
sérios e respeitados, quer pela sua integridade moral, quer pelo seu carácter.
Palavras de Baptista Bastos:
"A Imprensa precisa sempre de vítimas
e de carrascos, de santos com defeito e de heróis evasivos. Uns e outros fazem
as primeiras páginas e alvoroçam os leitores. A vida dos jornalistas é uma
triste configuração do Sísifo mitológico. A vida dos leitores é uma melancolia
privada. Ambos rejubilam com um escândalo, por modesto que seja, ou com uma
frase que passeie, desgarrada, por aqui ou por ali. Durante vinte e quatro
horas, o bulício anima-os."
Excerto do livro “As Bicicletas em Setembro”
“Aos sábados e aos domingos,
longas e longas horas sozinha. Andava pela casa, de um para o outro lado,
arrumando o que estava arrumado, limpando o que estava limpo. Nesses taciturnos
furores, bebia copos de vinho tinto, ficava toldada e deitava-se a dormir:
ressonava e a vizinhança escutava e comentava. Animava-se mais quando havia
enterros. Se fosse mais do que um, então, preenchia com curiosidade a sua
tenebrosa inquietação. Não saía da janela que dava para o largo, e benzia-se à
passagem das carretas. Os acompanhantes observavam aquela mulher tão volumosa,
cuja cabeça rapace e ásperas feições exprimiam beligerância.”
Baptista
Bastos, in “ As Bicicletas em
Setembro”
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