segunda-feira, 7 de abril de 2014

Baptista Bastos

 
 
 
 

Baptista Bastos nasceu em Lisboa, no dia 27 de Fevereiro de 1934.

Frequentou a Escola António Arroio e o Liceu Charles Lepierre.

Começou a trabalhar na redacção do jornal “O Século”. Foi subchefe de redacção de “O Século Ilustrado”. 

A sua actividade e profissionalismo foram o esteio para trabalhar noutros órgãos de informação, tais como: “O Diário”; “Seara Nova”; “República”; “Gazeta Musical”;“Todas as Artes”; “Época”; “Sábado”; “Cartaz”; “Diário Popular”; “Jornal de Notícias”; “Tempo Livre”; “A Bola”; “Almanaque”; “Artes e Ideias”; “Jornal do Fundão”.

Colaborou na Rádio Comercial e na Antena 1, lendo as suas crónicas.

Na Sic, a convite do então Director Emídio Rangel, apresentou o programa “Conversas Secretas”, que obteve um grande êxito.

Mas, o seu talento não se fica só pelo jornalismo; a literatura é outra paixão que abraça com entusiasmo.

É considerado um dos maiores prosadores portugueses contemporâneos.

Possui uma vasta obra publicada, na qual se destacam os livros: “O Secreto Adeus”; “Elegia para um Caixão Vazio” ; “As Palavras dos Outros”; “Viagem de um Pai e de um Filho pelas Ruas da Amargura”.

Os seus livros estão traduzidos em alemão, búlgaro, checo, russo, francês e castelhano.

Recebeu diversos Prémios Literários.
Baptista Bastos é, actualmente, um dos raros jornalistas portugueses sérios e respeitados, quer pela sua integridade moral, quer pelo seu carácter.
 

Palavras de Baptista Bastos:

"A Imprensa precisa sempre de vítimas e de carrascos, de santos com defeito e de heróis evasivos. Uns e outros fazem as primeiras páginas e alvoroçam os leitores. A vida dos jornalistas é uma triste configuração do Sísifo mitológico. A vida dos leitores é uma melancolia privada. Ambos rejubilam com um escândalo, por modesto que seja, ou com uma frase que passeie, desgarrada, por aqui ou por ali. Durante vinte e quatro horas, o bulício anima-os."


Excerto do livro “As Bicicletas em Setembro”
“Aos sábados e aos domingos, longas e longas horas sozinha. Andava pela casa, de um para o outro lado, arrumando o que estava arrumado, limpando o que estava limpo. Nesses taciturnos furores, bebia copos de vinho tinto, ficava toldada e deitava-se a dormir: ressonava e a vizinhança escutava e comentava. Animava-se mais quando havia enterros. Se fosse mais do que um, então, preenchia com curiosidade a sua tenebrosa inquietação. Não saía da janela que dava para o largo, e benzia-se à passagem das carretas. Os acompanhantes observavam aquela mulher tão volumosa, cuja cabeça rapace e ásperas feições exprimiam beligerância.”

Baptista Bastos, in “ As Bicicletas em Setembro”


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