Conversa
Galante
Observo:
“Nossa sentimental amiga, a Lua!
Ou talvez (é fantástico, admito)
Seja o balão do Preste João que agora fito
Ou uma velha e baça lanterna suspensa no ar
Alumiando pobres viajantes rumo a seu pesar.”
E ela: “Como divagais!”
Eu, então: “Alguém modula no teclado
Esse noturno raro, com que explicamos
A noite e o luar; partitura que roubamos
Para dar forma ao nossa nada.”
E ela: “Me dirá isso respeito?”
“Oh, não! Eu é que de vazios sou apenas feito.”
“Vós, senhora, sois a perene ironia,
A eterna inimiga do absoluto,
A que mais de leve torce nossa tristeza erradia!
Com vosso ar indiferente e resoluto,
De um golpe cortais à nossa louca poética os seus mistérios…”
E ela: “Seremos afinal assim tão sérios?”
Ou talvez (é fantástico, admito)
Seja o balão do Preste João que agora fito
Ou uma velha e baça lanterna suspensa no ar
Alumiando pobres viajantes rumo a seu pesar.”
E ela: “Como divagais!”
Eu, então: “Alguém modula no teclado
Esse noturno raro, com que explicamos
A noite e o luar; partitura que roubamos
Para dar forma ao nossa nada.”
E ela: “Me dirá isso respeito?”
“Oh, não! Eu é que de vazios sou apenas feito.”
“Vós, senhora, sois a perene ironia,
A eterna inimiga do absoluto,
A que mais de leve torce nossa tristeza erradia!
Com vosso ar indiferente e resoluto,
De um golpe cortais à nossa louca poética os seus mistérios…”
E ela: “Seremos afinal assim tão sérios?”
T. S. Eliot
Tradução: Ivan Junqueira
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