domingo, 27 de julho de 2014

ALMADA NEGREIROS

 
 

 
Almada Negreiros (1893-1970) nasceu em São Tomé e Príncipe.

Foi pintor, escritor, poeta, dramaturgo e romancista, sendo conhecido como “Mestre Almada”.

Colaborou em várias revistas literárias. Escreveu e ilustrou o jornal manuscrito “Parva".

Integrou o grupo "Orpheu", no qual conviveu com Fernando Pessoa. Ficou célebre o seu “Manifesto Anti Dantas e por Extenso”.

Fez várias conferências, sendo a maioria publicada em revistas e jornais.
 
Realizou, vestido de operário, a conferência “Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX”.

Concebeu a coreografia dos bailados "A Princesa dos Sapatos de Ferro" e "O Jardim da Pierrette". No primeiro também dançou. Foi actor no filme “O Condenado”. Realizou o bailado “O Sonho da Rosa”.

 
Participou em diversas exposições de arte, designadamente na “1ª Exposição dos Humoristas Portugueses”, considerada a pioneira do modernismo português; na "6ª Exposição de Arte Moderna" e na "Exposição Artistas Portugueses" apresentada no Rio de Janeiro, no Brasil.

Na sua faceta de artista plástico, destacam-se os seguintes trabalhos: frescos da Gare Marítima de Alcântara e da Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos; dois painéis para a Brasileira do Chiado; o painel “Começar” no átrio da Fundação Calouste Gulbenkian, etc.
 
Uma das suas obras mais conhecidas é o célebre retrato de Fernando Pessoa sentado à mesa do restaurante “Irmãos Unidos”. Sobre a mesa está o exemplar nº 2 do “Orpheu”. Desde 1993, esta obra encontra-se em exposição na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.
 
Como pintor integrado no movimento cubista, desenvolveu a sua actividade criativa na tapeçaria e na decoração.
Como escritor publicou, entre outros, os livros: Antes de Começar, Deseja-se Mulher, A Engomadeira, Meninos de Olhos de Gigante. Durante a sua estadia em Paris escreveu “Histoire du Portugal par Coeur”.
Almada Negreiros foi um dos grandes nomes da cultura portuguesa do século XX.
 
 Palavras de Almada Negreiros:
“As pessoas que eu mais admiro são aquelas que nunca acabam.”

 
                           
                                 Confidências
 
Mãe! Vem ouvir a minha cabeça a contar histórias ricas que ainda não viajei!
Traz tinta encarnada para escrever estas coisas!
Tinta cor de sangue verdadeiro, encarnado!
Eu ainda não fiz viagens
E a minha cabeça não se lembra senão de viagens!
Eu vou viajar.
Tenho sede! Eu prometo saber viajar.
Quando voltar é para subir os degraus da tua casa, um por um.
Eu vou aprender de cor os degraus da nossa casa.
Depois venho sentar-me a teu lado.
Tu a coseres e eu a contar-te as minhas viagens, aquelas que eu viajei, tão parecidas com as que não viajei, escritas ambas com as mesmas palavras.
Mãe! Ata as tuas mãos às minhas e dá um nó-cego muito apertado!
Eu quero ser qualquer coisa da nossa casa.
Eu também quero ter um feitio, um feitio que sirva exactamente para a nossa casa, como a mesa. Como a mesa.
Mãe! Passa a tua mão pela minha cabeça!
Quando passas a tua mão na minha cabeça é tudo tão verdade!
 
Almada Negreiros
 

 


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