quinta-feira, 10 de julho de 2014

AQUELE, A QUEM MIL BENS OUTORGA O FADO

 
 
 
 

 
                            Aquele, a Quem Mil Bens Outorga o Fado

 

Aquele, a quem mil bens outorga o Fado,
Desejo com razão da vida amigo
Nos anos igualar Nestor, o antigo,
De trezentos invernos carregado:

Porém eu sempre triste, eu desgraçado,
Que só nesta caverna encontro abrigo,
Porque não busco as sombras do jazigo,
Refúgio perdurável, e sagrado?

Ah! bebe o sangue meu, tosca morada;
Alma, quebra as prisões da humanidade,
Despe o vil manto, que pertence ao nada!

Mas eu tremo!...Que escuto?...É a Verdade,
É ela, é ela que do céu me brada:
Oh terrível pregão da eternidade!



Bocage, in “Rimas”

Imagem: Inga Nielsen


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