Ana
Paula Tavares, nasceu no Lubango, Sul de Angola, em 1952.
É um dos nomes mais importantes da poesia africana do período pós-independência.
Obteve o grau de Mestre em Literaturas Africanas de Língua
Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Participou em congressos e comissões
de estudo nas áreas da cultura como a Arqueologia e Etnologia, Património,
Museologia e Ensino.
É membro, entre outros, do “Comité Angolano do Conselho
Internacional de Museus” e da “Comissão Angolana para a Unesco”.
Tem poesia publicada em revistas, jornais e antologias, em
vários países da Europa, em Angola, no Brasil e no Canadá.
Alguns dos seus livros: Ritos
de Passagem, O Sangue da Buganvília, O Lago da Lua, Dizes-me coisas amargas com
os frutos.
Ganhou o “Prémio Mário António de Poesia 2004”, da Fundação
Calouste Gulbenkian e o “Prémio Nacional de Cultura e Artes 2007”.
Palavras
de Ana Paula Tavares:
“Luanda é o princípio da cidade que de vez em quanto deixa de o ser.
Convive bem e mal com os seus fantasmas. A baía é mágica, tem a mais bela curva
do mundo. Quase enlouqueci a tentar perceber e a fazer pactos com deus e com o
diabo. Mas foi ali que ficou mais clara a força das mulheres do meu país, a
forma leve como pisam o chão, apesar de carregarem um filho em cada mão e
outro às costas e na cabeça o mundo inteiro.”
O
lago da lua
No
lago branco da lua
lavei
meu primeiro sangue.
Ao
lago branco da lua
voltaria
cada mês
para
lavar
meu
sangue eterno
a cada lua.
No
lago branco da lua
misturei
meu sangue
e
barro branco
e
fiz a caneca
onde
bebo
a
água amarga da minha sede sem fim
o
mel dos dia claros.
Neste
lago deposito
minha reserva de sonhos para tomar.
Ana
Paula Tavares, in “O Lago da Lua”
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