sexta-feira, 18 de julho de 2014

ANA PAULA TAVARES

 
 
 

Ana Paula Tavares, nasceu no Lubango, Sul de Angola, em 1952.
 

É um dos nomes mais importantes da poesia africana do período pós-independência.
 
Obteve o grau de Mestre em Literaturas Africanas de Língua Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Participou em congressos e comissões de estudo nas áreas da cultura como a Arqueologia e Etnologia, Património, Museologia e Ensino.
É membro, entre outros, do “Comité Angolano do Conselho Internacional de Museus” e da “Comissão Angolana para a Unesco”.
Tem poesia publicada em revistas, jornais e antologias, em vários países da Europa, em Angola, no Brasil e no Canadá.
Alguns dos seus livros: Ritos de Passagem, O Sangue da Buganvília, O Lago da Lua, Dizes-me coisas amargas com os frutos.
Ganhou o “Prémio Mário António de Poesia 2004”, da Fundação Calouste Gulbenkian e o “Prémio Nacional de Cultura e Artes 2007”.
 
 
Palavras de Ana Paula Tavares:
“Luanda é o princípio da cidade que de vez em quanto deixa de o ser. Convive bem e mal com os seus fantasmas. A baía é mágica, tem a mais bela curva do mundo. Quase enlouqueci a tentar perceber e a fazer pactos com deus e com o diabo. Mas foi ali que ficou mais clara a força das mulheres do meu país, a forma leve como pisam o chão, apesar de carregarem um filho em cada mão e outro às costas e na cabeça o mundo inteiro.”
 
 
   O lago da lua
 
 
No lago branco da lua
lavei meu primeiro sangue.
Ao lago branco da lua
voltaria cada mês
para lavar
meu sangue eterno
a cada lua.
 
 
No lago branco da lua
misturei meu sangue
e barro branco
e fiz a caneca
onde bebo
a água amarga da minha sede sem fim
o mel dos dia claros.
Neste lago deposito
minha reserva de sonhos para tomar.
 
Ana Paula Tavares, in “O Lago da Lua”
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 
 

 

 

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