Aquilino Ribeiro (1885-1963) nasceu no concelho de Sernancelhe, freguesia
Carregal, Beira Alta, Portugal.
A sua imensa obra, caracterizada
pela riqueza do material linguístico e diversidade de recursos
estilísticos, abrange diversos domínios, tais como romance, memórias,
novela, teatro, conto, biografia, estudos etnográficos e históricos, literatura
infantil.
Foi um dos fundadores da revista “Seara
Nova".
Escreveu, entre
outros, os livros: Terras do Demo, Quando os Lobos Uivam, Andam Faunos Pelos
Bosques, O Malhadinhas, O Romance da Raposa, A Grande Casa de Romarigães, Tombo
no Inferno, O Arcanjo Negro, Via Sinuosa.
Republicano,
democrata e antifascista, Aquilino Ribeiro foi um homem da liberdade. Empenhado,
cívica e politicamente, combateu os autoritarismos e os poderes estabelecidos.
Salazar disse sobre
Aquilino Ribeiro: "É um inimigo do regime. Dirá mal de mim, mas
não importa: é um grande escritor." (Uma lição para alguns democratas
que exercem hoje o poder).
Em 1952, viajou
ao Brasil onde foi homenageado por escritores e artistas, na “Academia
Brasileira de Letras”.
Foi proposto,
em 1960, para o "Prémio Nobel de Literatura" por vários
escritores e personalidades da cultura.
É considerado
o mestre da ficção contemporânea.
“Que o escritor realize o mundo de beleza que traz em si, e já é alguma coisa. Quanto ao mais, que seja o que lhe apetecer, desde que não arme em fariseu, e não esteja nunca contra os simples, de braço dado com os trafulhas.”
Excerto do livro Volfrâmio:
(…) “As aldeias
esvaziavam-se, mal nascia o dia, por montes e vales em busca de volfro, como é
de supor que andassem os hebreus no deserto, em busca de maná.
Eram substâncias
análogas no transcendente e no destino; caíam imprevistamente do céu e vinham
matar a fome a multidões igualmente famintas.
Todas as
canseiras eram dadas por muito bem empregadas se à noite a sombra vágula,
dobrada para terra, trouxesse na cova da mão duas areias de oiro negro.
Num plano
superior, todas as poucas-vergonhas eram desculpadas dado que conduzissem ao
enriquecimento.
Formava-se uma
moral nova com a nova indústria. Dolo, roubo, mentira, falsidade, desde que
constituíssem processos de promover o negócio do volfrâmio, tornavam-se
ordinários, por conseguinte de prática corrente, discutível ainda, mas
admitida.
Resultava de tal
consenso que procuravam todos empulhar-se uns aos outroo mais conspicuamente
possível, e que falsificar o minério, fritando-o, desencantando-lhe substitutos
falaciosos, era um recurso industrial como outro qualquer”. (…)
Aquilino Ribeiro, in “Volfrâmio”
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