quarta-feira, 16 de julho de 2014

AQUILINO RIBEIRO

 
 
 
 

Aquilino Ribeiro (1885-1963) nasceu no concelho de Sernancelhe, freguesia Carregal, Beira Alta, Portugal.
A sua imensa obra, caracterizada pela riqueza do material linguístico e diversidade de recursos estilísticos, abrange diversos domínios, tais como romance, memórias, novela, teatro, conto, biografia, estudos etnográficos e históricos, literatura infantil. 

Foi um dos fundadores da revista “Seara Nova".
Escreveu, entre outros, os livros: Terras do Demo, Quando os Lobos Uivam, Andam Faunos Pelos Bosques, O Malhadinhas, O Romance da Raposa, A Grande Casa de Romarigães, Tombo no Inferno, O Arcanjo Negro, Via Sinuosa.

Republicano, democrata e antifascista, Aquilino Ribeiro foi um homem da liberdade. Empenhado, cívica e politicamente, combateu os autoritarismos e os poderes estabelecidos.
Salazar disse sobre Aquilino Ribeiro: "É um inimigo do regime. Dirá mal de mim, mas não importa: é um grande escritor." (Uma lição para alguns democratas que exercem hoje o poder).

Em 1952, viajou ao Brasil onde foi homenageado por escritores e artistas, na “Academia Brasileira de Letras”.
Foi proposto, em 1960, para o "Prémio Nobel de Literatura" por vários escritores e personalidades da cultura.

É considerado o mestre da ficção contemporânea.

 

 

Palavras de Aquilino Ribeiro:

“Que o escritor realize o mundo de beleza que traz em si, e já é alguma coisa. Quanto ao mais, que seja o que lhe apetecer, desde que não arme em fariseu, e não esteja nunca contra os simples, de braço dado com os trafulhas.”





Excerto do livro Volfrâmio:


(…) “As aldeias esvaziavam-se, mal nascia o dia, por montes e vales em busca de volfro, como é de supor que andassem os hebreus no deserto, em busca de maná.
Eram substâncias análogas no transcendente e no destino; caíam imprevistamente do céu e vinham matar a fome a multidões igualmente famintas.
 
Todas as canseiras eram dadas por muito bem empregadas se à noite a sombra vágula, dobrada para terra, trouxesse na cova da mão duas areias de oiro negro.
Num plano superior, todas as poucas-vergonhas eram desculpadas dado que conduzissem ao enriquecimento.
 
Formava-se uma moral nova com a nova indústria. Dolo, roubo, mentira, falsidade, desde que constituíssem processos de promover o negócio do volfrâmio, tornavam-se ordinários, por conseguinte de prática corrente, discutível ainda, mas admitida.
 
Resultava de tal consenso que procuravam todos empulhar-se uns aos outroo mais conspicuamente possível, e que falsificar o minério, fritando-o, desencantando-lhe substitutos falaciosos, era um recurso industrial como outro qualquer”. (…)



Aquilino Ribeiro, in “Volfrâmio”
 
 
 

 
 
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



 

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