Os
banqueiros da grande bancaria do mundo, que praticam o terrorismo do dinheiro,
podem mais que os reis e os marechais e mais que o próprio Papa de Roma. Eles
jamais sujam as mãos. Não matam ninguém: se limitam a aplaudir o espetáculo.
Seus funcionários, os tecnocratas internacionais, mandam em nossos países: eles não são presidentes, nem ministros, nem foram eleitos em nenhuma eleição, mas decidem o nível dos salários e do gasto público, os investimentos e desinvestimentos, os preços, os impostos, os lucros, os subsídios, a hora do nascer do sol e a frequência das chuvas.
Não cuidam, em troca, dos cárceres, nem das câmaras
de tormento, nem dos campos de concentração, nem dos centros de extermínio,
embora nesses lugares ocorram as inevitáveis consequências de seus atos.
Os tecnocratas reivindicam o privilégio da
irresponsabilidade:
— Somos neutros — dizem.
Eduardo Galeano, escritor uruguaio,
in “Livro dos Abraços”,(Profissões/3)
Imagem: pintura de Rembrandt
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