Papoulas
de Julho
Ó papoulinhas pequenas flamas do inferno,
Então não fazem mal?
Então não fazem mal?
Vocês vibram. É impossível tocá-las.
Eu ponho as mãos entre as flamas. Nada me queima.
E me fatiga ficar a olhá-lasEu ponho as mãos entre as flamas. Nada me queima.
Assim vibrantes, enrugadas e rubras, como a pele de uma boca.
Uma boca sangrando.
Pequenas franjas sangrentas!
Há vapores que não posso tocar.Pequenas franjas sangrentas!
Onde estão os narcóticos, as repugnantes cápsulas?
Se eu pudesse sangrar, ou dormir !
Se minha boca pudesse unir-se a tal ferida !
Ou que seus licores filtrem-se em mim,
nessa cápsula de vidro,Se minha boca pudesse unir-se a tal ferida !
Entorpecendo e apaziguando.
Mas sem cor. Sem cor alguma.
Sylvia Plath (1932-1963)
poetisa norte-americana.
Tradução: Afonso Félix de Souza
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