Edgar Allan Poe (Boston, Massachusetts, EUA, 1809 – Baltimore, Maryland, 1849).
Escritor norte-americano, autor de contos e poemas sobre o macabro e o misterioso. Suas obras mais conhecidas são o conto A Queda da Casa de Usher e o poema O Corvo, em que um homem que chora a morte de sua amada é visitado por um corvo que lhe diz que ele nunca mais a verá.
A partir de 1832, dedica-se constantemente ao conto, narrativa breve que pudesse ser publicada rapidamente, lida em pouco tempo e apreciada por sua intensidade narrativa.
Envia diversos contos a revistas da época, participa de concursos literários e começa a ganhar fama e algum dinheiro.
Alguns dos contos mais famosos de Poe datam do período 1832-1842, década de altos e baixos na produção, publicação e aceitação de suas ideias.
Em 1835, por exemplo, publica Berenice, Morella e The Unparalleled Adventures of One Hans Pfaall.
Em 1836, casa-se com Virgínia, então com treze anos de idade, o que causa assombro na sociedade puritana e fechada da época.
Em 1839 publica a primeira colectânea de contos, Tales of the Grotesque and Arabesque, com vinte e cinco contos.
in “A História”
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Annabel Lee
Foi há muitos e muitos anos já,
Num reino de ao pé do mar.
Como sabeis todos, vivia lá
Aquela que eu soube amar;
E vivia sem outro pensamento
Que amar-me e eu a adorar.
Eu era criança e ela era criança,
Neste reino ao pé do mar;
Mas o nosso amor era mais que amor —
O meu e o dela a amar;
Um amor que os anjos do céu vieram
a ambos nós invejar.
E foi esta a razão por que, há muitos anos,
Neste reino ao pé do mar,
Um vento saiu duma nuvem, gelando
A linda que eu soube amar;
E o seu parente fidalgo veio
De longe a me a tirar,
Para a fechar num sepulcro
Neste reino ao pé do mar.
E os anjos, menos felizes no céu,
Ainda a nos invejar…
Sim, foi essa a razão (como sabem todos,
Neste reino ao pé do mar)
Que o vento saiu da nuvem de noite
Gelando e matando a que eu soube amar.
Mas o nosso amor era mais que o amor
De muitos mais velhos a amar,
De muitos de mais meditar,
E nem os anjos do céu lá em cima,
Nem demônios debaixo do mar
Poderão separar a minha alma da alma
Da linda que eu soube amar.
Porque os luares tristonhos só me trazem sonhos
Da linda que eu soube amar;
E as estrelas nos ares só me lembram olhares
Da linda que eu soube amar;
E assim ‘stou deitado toda a noite ao lado
Do meu anjo, meu anjo, meu sonho e meu fado,
No sepulcro ao pé do mar,
Ao pé do murmúrio do mar.
Tradução:Fernando Pessoa
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