segunda-feira, 5 de setembro de 2016

JOSÉ AGOSTINHO DE MACEDO - Debaixo desta Campa Sepultado





José Agostinho de Macedo (Beja, Portugal, 1761 – Lisboa, 1831).

Professou em 1778 na Ordem dos Eremitas de Santo Agostinho, sendo expulso da Ordem quatro anos depois, por os superiores o considerarem «contumaz e incorrigível». Foi várias vezes acusado e condenado pela Justiça por desmandos e roubos. 

Tendo conseguido a despensa dos votos monásticos, tornou-se pregador, alcançando os seus sermões grande notoriedade na época. 

Tornou-se membro da Nova Arcádia, entrando em quezílias com Bocage. Fez parte também da Arcádia de Roma, onde adoptou o pseudónimo de Elmiro Tangideu. Era inimigo figadal da Revolução Francesa e odiava Voltaire e Napoleão. Toda a sua luta esteve centrada na denúncia dos jacobinos, ou pedreiros-livres. Quase todas as suas obras reflectem essa luta. 

Ficaram célebres as polémicas que teve com Bocage e com Almeida Garrett.

Algumas das suas obras: Sermão contra o Filosofismo do Século XIX (1811), A Meditação (poesia filosófica, 1813), Newton (poema em 4 cantos, 1813, O Oriente (2 vols., 1814), A Tripa Virada, Tripa por uma Vez, Henriqueida (poema épico em 12 cantos), Os Burros (sátira, 1827).




in “Universidade do Minho”


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Palavras de José Agostinho de Macedo:

“Os jornalistas não hesitam em ajuizar e sentenciar em todos os assuntos como se todos os assuntos dominassem por igual. Querem, ilegitimamente, governar a Nação, ou representá-la, quando não sabem sequer governar-se a si mesmos nem têm conhecimentos ou aptidões para o fazerem. Arrogam-se, ilegitimamente, de serem os legítimos intérpretes dos anseios da Nação, quando nem sequer a compreendem.”



Debaixo desta Campa Sepultado


Debaixo desta campa sepultado
Jaz um peito, um que etéreo fogo ardia,
Que da Lusa Eloquência, e da Poesia
Será por longos Evos lamentado.
Deixou à Pátria alto Padrão alçado,
Enfeitando co’ as flores a Harmonia
A austera fronte à sã Filosofia,
Com exemplo entre nós não praticado.
Não indagues, Viandante curioso,
Da larga vida sua erro, ou defeito,
Da Morte acata o manto tenebroso.
Ele Homem foi, Homem não há perfeito;
E, deixando este valer lacrimoso,
Foi piedade buscar de Deus no peito.



In ”Antologia Poética” 

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