terça-feira, 6 de setembro de 2016

FERNÃO LOPES – Primeiro Grande Historiador Português




Fernão Lopes: ignoram-se as datas do seu nascimento e da sua morte, aventando-se as de 1380 e 1460, respectivamente. 

Guarda-mor das escrituras da Torre do Tombo desde 1418, Fernão Lopes foi nomeado cronista-mor do Reino em 1434 por el-rei D. Duarte, de quem recebeu o encargo de escrever as crónicas dos dez monarcas seus antecessores.

Da vasta obra a que se meteu ombros apenas se conhecem hoje, como sendo indiscutivelmente da sua autoria, a Crónica de D. Pedro I, a Crónica de D. Fernando I e a Crónica de D. João I (1ª E 2ª partes). Esta última crónica, a mais importante de todas, foi concluída pelo seu sucessor, Gomes Eanes de Zurara, que compôs a terceira parte, conhecida pela designação de Crónica da Tomada de Ceuta. Pelo que respeita às restantes crónicas, cujos textos se desconhecem, supõe-se que teriam sido utilizadas por Rui de Pina (1440-1525), cujo nome subscreve as crónicas anteriores a D. Pedro I.

Foi principal preocupação do nosso primeiro cronista legar-nos a «clara certidom da verdade», baseada em documentação histórica fidedigna, para o que procedeu a demoradas e laboriosas buscas por todo o país. Pela sua indiscutível probidade, por se conservar atento a toda a complexidade do real histórico, em vez de, como os cronistas coevos de outros países, se fixar na preferência da efeméride política ou militar, por ver as coisas principalmente do ponto de vista do colectivo, do social, Fernão Lopes revela uma concepção de história muito adiantada em relação à do seu tempo.

Além de ter sido o nosso primeiro grande historiador, Fernão Lopes foi também o primeiro grande prosador da língua portuguesa e um dos mais geniais de todos os tempos. 

O seu estilo, simples e corrente, graciosamente arcaizante, é animado por um colorido e pitoresco inigualáveis, em especial nas descrições da multidão. De notar ainda, como característica fundamental, é o seu poderoso visualismo que confere interesse espectacular às cenas descritas.



in “Selecta Literária”



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