A brilhante despedida de um génio
No Teatro de S. João e Paulo de Veneza estreia-se em 1642 a que será a
última ópera de Claudio Monteverdi e também a sua obra-prima: A Coroação de Popeia.
O autor tem 75
anos no momento em que a compõe. Em certo sentido pode-se considerar que é o
testamento musical de Monteverdi e também o de toda uma época, já que o
realismo desta ópera denuncia a crise do homem do Renascimento. Embora haja
ainda na obra alguns elementos alegóricos tipicamente renascentistas, as
figuras sobre-humanas cedem o lugar a personagens de carne e osso, que
representam praticamente todas as camadas da sociedade.
Ao contrário do que é
habitual, a virtude vai ser derrotada no final em benefício do amor. Trata-se de
uma ópera de uma extraordinária beleza musical, embora muito exigente, tanto
pela quantidade de cantores que devem intervir como pela variedade dos registos
musicais utilizados. A obra esteve esquecida durante séculos, até que foi
recuperada em meados do século XX.
in “Auditorium – Crónica da Música”
Imagem: Retrato de Claudio Monteverdi de autoria de Bernardo Strozzi, pintor do Barroco
italiano (1581-1644).
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