quinta-feira, 8 de setembro de 2016

MARCO VALÉRIO MARCIAL - Lamento pela morte da amada





Marco Valério Marcial (Bílbilis, Espanha, 38 d.C. – Roma, Itália, 102).

Poeta latino, veio cedo para Roma. O apoio que encontrou entre os seus patrícios Séneca e Lucano, e facilitou o início da sua actividade literária, desvaneceu-se com a queda em desgraça desta poderosa família em 65. Deste modo, teve de iniciar uma humilhante carreira de cliente de protectores endinheirados, continuamente lamentando a falta de um Mecenas. 

Os versos, mesmo os de adulação ao imperador Domiciano, rendiam pouco. Depois de 35 anos de excitante vida na capital do Império, regressou à Bílbilis natal. O seu regresso a Espanha foi subsidiado por Plínio que dele fala elogiosamente, na mesma carta em que dá conta da sua morte. 

Conhecido, a partir de 80, pelo seu Spectaculorum liber, em que comemorou a inauguração do Coliseu por Tito, escreveu seguidamente catorze livros de Epigrammata. 

Marcial, observador atento e minucioso, imprimiu o seu espírito irónico ao epigrama que, com ele, adquiriu maior variedade de conteúdo e perfeição formal, ganhando ao mesmo tempo em concisão. 

É o cronista da vida de Roma, pessoas e coisas, do palácio real à ralé que se acotovela nas ruas barulhentas da cidade. 

O poeta ocupa-se dos mil e um incidentes quotidianos, incluindo os de natureza sexual, tornados tema literário pela moda. 

Sabe também exprimir a amizade e a gratidão, o carinho pelas crianças.

A sua influência foi grande sobre os poetas novi-latinos renascentistas, nomeadamente, em Portugal, e sobre os epigramistas em todas as literaturas modernas.



in “Enciclopédia de Cultura”

           
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Palavras de Marco Valério Marcial:

“O homem bom amplia o espaço da sua vida:
poder usufruir da vida passada é poder viver duas vezes."


Lamento pela morte da amada


Lágrimas através da terra até no Hades,
Heliodora, – de amor um resto – envio-te
Lágrimas de amargor na tumba tão chorada
verto, lembrança de desejo e afeto.
Cara na morte até, triste, triste Meléagro
choro-te, vão tributo ao Aqueronte.
Ai, meu broto onde está, tão desejável? Hades
raptou-a e a flor no viço o pó conspurca.
Mas eu te imploro, Terra, ó mãe, nutriz de tudo:
a que sofreu, põe suave em teu regaço.



Tradução: João Ângelo Oliva Neto



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