Marco
Valério Marcial (Bílbilis, Espanha, 38 d.C. – Roma, Itália,
102).
Poeta latino, veio cedo
para Roma. O apoio que encontrou entre os seus patrícios Séneca e Lucano, e facilitou o início da sua actividade literária, desvaneceu-se com a queda em
desgraça desta poderosa família em 65. Deste modo, teve de iniciar uma
humilhante carreira de cliente de protectores endinheirados, continuamente
lamentando a falta de um Mecenas.
Os versos, mesmo os de adulação ao imperador
Domiciano, rendiam pouco. Depois de 35 anos de excitante vida na capital do
Império, regressou à Bílbilis natal. O seu regresso a Espanha foi subsidiado
por Plínio que dele fala elogiosamente, na mesma carta em que dá conta da sua
morte.
Conhecido, a partir de 80, pelo seu Spectaculorum
liber, em que comemorou a inauguração do Coliseu por Tito, escreveu
seguidamente catorze livros de Epigrammata.
Marcial, observador atento e minucioso, imprimiu o seu espírito irónico ao
epigrama que, com ele, adquiriu maior variedade de conteúdo e perfeição formal,
ganhando ao mesmo tempo em concisão.
É o cronista da vida de Roma, pessoas e
coisas, do palácio real à ralé que se acotovela nas ruas barulhentas da cidade.
O poeta ocupa-se dos mil e um incidentes quotidianos, incluindo os de natureza
sexual, tornados tema literário pela moda.
Sabe também exprimir a amizade e a
gratidão, o carinho pelas crianças.
A sua influência foi grande sobre os poetas
novi-latinos renascentistas, nomeadamente, em Portugal, e sobre os epigramistas
em todas as literaturas modernas.
in
“Enciclopédia de Cultura”
******************
Palavras
de Marco Valério Marcial:
“O
homem bom amplia o espaço da sua vida:
poder
usufruir da vida passada é poder viver duas vezes."
Lamento
pela morte da amada
Lágrimas através da terra até no Hades,
Heliodora,
– de amor um resto – envio-te
Lágrimas
de amargor na tumba tão chorada
verto,
lembrança de desejo e afeto.
Cara
na morte até, triste, triste Meléagro
choro-te,
vão tributo ao Aqueronte.
Ai,
meu broto onde está, tão desejável? Hades
raptou-a
e a flor no viço o pó conspurca.
Mas
eu te imploro, Terra, ó mãe, nutriz de tudo:
a que sofreu, põe suave em
teu regaço.
Tradução: João Ângelo Oliva Neto
Sem comentários:
Enviar um comentário