Soeiro Pereira Gomes (Baião, Porto, Portugal, 1909 – Lisboa, 1949).
Tirou o curso de Regente Agrícola em Coimbra.
Em 1930, vai para Angola trabalhar, mas regressa no ano seguinte. Casa-se, indo viver para Alhandra e empregando-se na Companhia Cimento Tejo.
Desenvolveu intensa actividade nas colectividades daquela localidade, nomeadamente no teatro, na organização de bibliotecas, na construção da piscina.
Ligando-se ao Grupo Neo-Realista de Vila Franca, participou nos passeios no Tejo e em inúmeras actividades realizadas nas duas localidades.
Em 1944, foi um dos organizadores das greves que assolaram a região em Maio, na sequência das quais passou à clandestinidade.
Colaborou nos jornais “O Diabo”, “O Alhandra”, “O Castanheirense”, “República”.
Faleceu com doença grave, em casa de familiares, sem ter abandonado a clandestinidade.
Obras: Esteiros, Refúgio Perdido, Engrenagem, Contos Vermelhos, Obras Completas.
in “Museu do Neo-Realismo” (excerto)
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Palavras de Soeiro Pereira Gomes:
“Para os filhos dos homens que nunca foram meninos escrevi este livro (Esteiros).”
«Maria do Bote abriu a porta, e tudo em casa lhe pareceu mais sombrio e nu. Apenas, sobre a cómoda carunchosa, o despertador alardeava brilho, mantinha a mesma cadência das horas que não vivia. A dona olhou-o, melancólica, como a um traste inútil; depois, em súbita resolução, pô-lo debaixo do xaile, e dirigiu-se ao escritório do Rodrigues. À entrada ainda hesitou. Mas o penhorista chegou-se logo com modos animosos.
- Faz favor de entrar. Um seu criado, minha senhora. - E esfregava, uma na outra, as mãos peganhentas.
- Sr. Rodrigues. Eu trago aqui...»
in "Esteiros" (excerto)
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