quarta-feira, 28 de setembro de 2016

FERNANDO LOPES-GRAÇA – Maestro e Compositor





Fernando Lopes-Graça (Tomar, Portugal, 1906 – Parede, Cascais, Portugal, 1994).

Compositor, pianista, pedagogo, crítico e ensaísta, deixou uma obra musical extensíssima a par de uma importante obra literária que nos dá testemunho da sua grande formação humanista e da sua intensa actividade cultural e política. 

Estudou no Conservatório de Música de Lisboa com Viana da Mota, Tomás Borba e Luís de Freitas Branco e concluiu em 1931 o Curso de Composição. Por motivos políticos foi impedido de leccionar em instituições públicas e mais tarde no ensino privado e não pôde, também, usufruir de uma bolsa que ganhou para estudar no estrangeiro.

Após a sua prisão por motivos políticos em Caxias (1936), Fernando Lopes-Graça foi viver para Paris entre 1937-1939, a expensas suas, onde estudou composição com Charles Koechlin e musicologia na Sorbonne com Paul-Marie Masson. Aí escreveu as primeiras harmonizações de canções populares portuguesas e compôs La fièvre du temps por encomenda da Maison de La Culture.

Em 1942 fundou a Sociedade de Concertos “Sonata”, que dirigiu até 1961, dedicada à divulgação da música contemporânea e que se tornou numa referência da vanguarda intelectual.

As suas obras têm sido interpretadas em todo o mundo.

A procura de uma linguagem estética portuguesa levou-o a definir o conceito de «música portuguesa» como uma fórmula que exprime uma relação étnico-estética, expressão cultural e filosófica alicerçada na tradição musical do povo, como elemento dinâmico e fecundante de uma nova linguagem representativa, só válida pela sua qualidade estética e, só nessa qualidade, as obras e a criação artística nacional poderão ter ressonância universal. 

A recolha e a reinterpretação da música popular portuguesa constituiu um eixo permanente da sua criação evidenciado em muitas das suas obras para voz e piano e reflectindo-se, igualmente, em grande parte da sua obra instrumental. A sua íntima ligação à língua e cultura portuguesa exprimiu-se também na criação de ciclos de canções com textos de grandes poetas portugueses de que se destacam Fernando Pessoas, Luís de Camões e Eugénio de Andrade.

A sua intensa produção artística manteve-se entre 1927 e 1992, tendo produzido 260 títulos e havendo no seu catálogo 694 peças, entre obras válidas, versões, revisões, esboços e transcrições.

Recebeu vários prémios de composição e diversas condecorações.




in “Museu da Música Portuguesa” (excertos)



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               Jornada                   

Não fiques para trás, ó companheiro
é de aço esta fúria que nos leva.
P´ra não te perderes no nevoeiro,
segue os nossos corações na treva.

Vozes ao alto!
Vozes ao alto!
Unidos como os dedos da mão
havemos de chegar ao fim da estrada,
ao sol desta canção.

Aqueles que se percam no caminho,
que importa? Chegarão no nosso brado
porque nenhum de nós anda sozinho,
e até mortos vão a nosso lado.
              


Letra do poeta José Gomes Ferreira
Música de Fernando Lopes Graça






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