Camilo Pessanha (1867-1926) nasceu em Coimbra.
Licenciou-se em
Direito na Universidade de Coimbra.
Deu explicações de
Português, Francês, Latim e Literatura.
Em 1885, escreveu
o primeiro poema intitulado “Lúbrica”.
Colaborou nos
jornais “Gazeta de Coimbra”; “A Crítica”; “Novo Tempo”; “Intermezzo” e “O
Novo Tempo”.
Em Dezembro de 1893,
foi nomeado para exercer o cargo de professor da 8ª cadeira, Filosofia Elementar,
no Liceu Nacional de Macau.
Em 1920, foi
publicado o seu único livro de poesia, “Clepsidra”.
Foi o poeta mais importante do Simbolismo em língua portuguesa.
Palavras de Camilo Pessanha (criticando o sistema de ensino português):
“Cá estamos, pois então? Para nos formarmos, para sermos homens.
Sim: que para sermos homens, quer dizer humanos,
é preciso antes de mais nada, sequestrarem-nos do nosso meio, da nossa família,
da nossa terra. (…)
(...)Sim: cretinos, todos nós.
Cretinizados pelo medo à
palmatória e pelo medo ao lente.
Cretinizados por um livro abominável em que
pretenderam ensinar- nos a ler, e depois pelo trabalho deprimente de decorar os
compêndios à pressa, no fim do ano, para ficarmos distintos nos exames.” (…)
Estátua
Cansei-me de tentar o teu segredo:
No teu olhar sem cor, de frio escalpelo,
O meu olhar quebrei, a debatê-lo,
Como a onda na crista dum rochedo.
Segredo dessa alma e meu degredo
E minha obsessão! Para bebê-lo
Fui teu lábio oscular, num pesadelo,
Por noites de pavor, cheio de medo.
E o meu ósculo ardente, alucinado,
Esfriou sobre o mármore correto
Desse entreaberto lábio gelado...
Desse lábio de mármore, discreto,
Severo como um túmulo fechado,
Sereno como um pélago quieto.
Camilo Pessanha, in “Clepsidra”.
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