terça-feira, 21 de janeiro de 2014

António Quadros

 
 

António Quadros (1923-1993) nasceu em Lisboa.

Foi escritor, professor universitário, filósofo, poeta e tradutor.  Fundou o IADE onde exerceu o cargo de Director-Geral.  
Dirigiu as Bibliotecas Itinerantes da Fundação Gulbenkian.
Integrou a Comissão de Organização da 1ª Feira das Indústrias da Cultura.
Presidiu à Comissão Nacional para o Ano Internacional da Alfabetização.
Foi membro-correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, da Academia Brasileira de Filosofia, da “International Society for Education Through Art” e da Alta Autoridade para a Comunicação Social.
Pertenceu ao Grupo da Filosofia Portuguesa, constituído por pensadores e filósofos.
Em Janeiro de 2009, foi criada a “Fundação António Quadros- Cultura e Pensamento”, que tem como objectivo apoiar a investigação e divulgação da obra de António Quadros e de seus pais.
 
 


Palavras de António Quadros: "Tenho pena, muita pena, mas de profeta só encontro em mim o ter sido em tempos poeta e o guardar o grão de esperança de o continuar a ser um pouco, no modo menor de uma alma ainda não inteiramente dominada pelo insustentável vazio da nossa época atravancada de grandes narcisismos e de medíocres ambições. (...)"
 
 

Excerto do livro “Fernando Pessoa – Vida, Personalidade e Génio”:
 
 
(…) Podemos observar, na obra de Fernando Pessoa, três modos de aproximação daquele Mistério ou daquela realidade oculta que foi sempre uma presença, um desafio e uma atracção irresistível ao longo de toda a sua vida.
 
O primeiro é, por assim dizer, gnósico; corresponde às capacidades apreensoras do seu ser, organum sensível, que pela imaginação, pela intuição, pelo sonho, pela mediunidade, pela reminiscência anamnésica, pela permeabilidade ao inconsciente colectivo ou arcaico, ou ainda por iluminações, inspirações ou contactos de ordem mística, terá tido experiências de apercepção e de visão supranormal.
 
Este modo de conhecimento gnósico e de atavismo gnóstico, indissociável dos restantes porque está na sua origem e constitui o seu mais substancial alimento, é decerto contestado pela crítica numa sociedade como a nossa, fundamentando aliás facilmente a sua refutação na própria psicologia e estética de fingimento que o poeta noutros níveis reivindicou e afirmou.
 
Estamos convictos, porém, de que, se Pessoa foi um simulador, não foi nunca, contudo, um insincero ou um mentiroso. (…)
 
(…) Pessoa foi um poeta esotérico, mas jamais um poeta insincero. Nele a simulação, os heterónimos, os versos cifrados formam um sistema, onde nada é aleatório. (…)
 
(…) O segundo modo de aproximação do oculto é, digamos, sófico, constituindo-se como uma revelação metafísica e a posteriori, apoiada na cultura erudita. (...)
 
(…) Quanto ao terceiro modo, será o iniciático, onde de algum modo o poeta se desindividualiza, para assumir o saber tradicional de determinadas sociedades secretas, que se reclamam de origens históricas muito antigas.
 
É duvidoso que Pessoa tenha chegado a pertencer militantemente a uma sociedade maçónica, muito embora como se sabe as tenha defendido pública e polemicamente. (…)
 
 
António Quadros, in “Fernando Pessoa – Vida, Personalidade e Génio”
 
 

 


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