Gabriela Mistral
(1889-1957) nasceu em Vicuña, Chile.
Iniciou
a sua vida profissional como professora num colégio particular.
Em 1914, publicou
o volume “Sonetos da Morte”, primeiro prémio dos Jogos Florais de
Santiago do Chile.
Em 1922, o Instituto Hispânico de Nova Iorque
editou uma colectânea das suas poesias, denominada “ Desolação”.
A sua obra está traduzida em várias línguas.
Algumas bibliotecas de países latino-americanos
adoptaram o seu nome.
Desempenhou funções consulares em diversos países,
incluindo Portugal, entre 1935 e 1937.
A casa onde nasceu e viveu Gabriela Mistral, foi
considerada, pelo Governo Chileno, monumento nacional.
Foi seu desejo ser sepultada numa colina perto do
Monte Grande, em cripta aberta na terra, coberta, apenas, por uma pedra, na
qual está inscrito o seguinte epitáfio:
“Gabriela
Mistral – Prémio Nobel, 1945 – 7-VIII-1889 – 10-I-1957. O que a alma faz pelo
seu corpo é o que o artista faz pelo seu povo. G.M.”
Palavras de Gabriela Mistral:
"Todo
o país escravizado por outro ou outros países, tem na mão, enquanto souber ou
puder conservar a própria língua, a chave da prisão onde jaz."
O Pensador de Rodin
Queixo apoiado à mão em postura
severa,
lembra-se o Pensador que é da carne uma presa;
carne fatal, desnuda ante o fado que o espera,
carne que odeia a morte e tremeu de beleza;
que estremeceu de amor na primavera ardente
e hoje, imersa no outono, a tristeza conhece.
A idéia de morrer dessa fronte consciente
passa por todo o bronze, à hora em que a noite desce.
De angústia os músculos se fendem, sofredores;
os sulcos de seu corpo enchem-se de terrores;
entrega-se, folha outoniça, ao Senhor forte
que o plasma. E não se crispa uma árvore torcida
de sol nos plainos, nem leão de anca ferida,
como esse homem que está meditando na morte.
lembra-se o Pensador que é da carne uma presa;
carne fatal, desnuda ante o fado que o espera,
carne que odeia a morte e tremeu de beleza;
que estremeceu de amor na primavera ardente
e hoje, imersa no outono, a tristeza conhece.
A idéia de morrer dessa fronte consciente
passa por todo o bronze, à hora em que a noite desce.
De angústia os músculos se fendem, sofredores;
os sulcos de seu corpo enchem-se de terrores;
entrega-se, folha outoniça, ao Senhor forte
que o plasma. E não se crispa uma árvore torcida
de sol nos plainos, nem leão de anca ferida,
como esse homem que está meditando na morte.
Gabriela Mistral, in “Poesias escolhidas”
Tradução: Henriqueta Lisboa.
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