Mário Dionísio (1916-1993)
nasceu em Lisboa.
Licenciou-se
em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Foi
escritor, poeta, ensaísta, romancista, crítico de arte, tradutor, professor e
pintor.
Colaborou em diversas publicações literárias. Foi
director do jornal “Gleba”.
Mário Dionísio, poeta ligado ao Novo Cancioneiro,
foi um dos mais importantes impulsionadores do neo-realismo.
Escreveu vários estudos e prefácios críticos sobre
obras de escritores portugueses, tais como: Manuel da Fonseca, Carlos de
Oliveira, Alves Redol, José Gomes Ferreira, José Cardoso Pires e Fernando
Pessoa.
Em 1989 realizou a sua primeira exposição
individual. Colaborou em diversas exposições colectivas.
Sobre pintura, editou: “Vincent Van Gogh”, “Conflito
e Unidade da Arte Contemporânea”, “A Paleta e O Mundo”.
Viajou até Paris onde entrevistou pintores de
diversas nacionalidades, tais como Pignon, Lurçat, Taslitsky, etc. Publicou as
entrevistas na revista “Vértice”.
Participou em diversos eventos internacionais,
destacando-se “Os Encontros Internacionais de Genebra”, sobre vários temas.
Recebeu os prémios: Prémio do Centro Português da
Associação Internacional de Críticos Literários, Grande Prémio de Ensaio da
Sociedade Portuguesa de Escritores e o Troféu "Pintor do Ano" da Antena 1.
Em 2009, foi inaugurada em Lisboa, a Casa da Achada-
Centro Mário Dionísio, fundada por amigos, alunos e estudiosos da sua obra,
onde se encontram os seus espólios literário e artístico.
Palavras
de Mário Dionísio:
“Uma Poesia por dia, nem sabe o bem que lhe faria."
Complicação
As ondas indo, as ondas vindo — as ondas
indo e vindo sem
parar um momento.
As horas atrás das horas, por mais iguais sempre outras.
E ter de subir a encosta para a poder descer.
E ter de vencer o vento.
E ter de lutar.
Um obstáculo para cada novo passo depois de cada passo.
As complicações, os atritos para as coisas mais simples.
E o fim sempre longe, mais longe, eternamente longe.
Ah mas antes isso!
Ainda bem que o mar não cessa de ir e vir constantemente.
Ainda bem que tudo é infinitamente difícil.
Ainda bem que temos de escalar montanhas e que elas vão
sendo cada vez mais altas. Ainda bem que o vento nos oferece resistência
e o fim é infinito.
Ainda bem.
Antes isso.
50 000 vezes isso à igualdade fútil da planície.
parar um momento.
As horas atrás das horas, por mais iguais sempre outras.
E ter de subir a encosta para a poder descer.
E ter de vencer o vento.
E ter de lutar.
Um obstáculo para cada novo passo depois de cada passo.
As complicações, os atritos para as coisas mais simples.
E o fim sempre longe, mais longe, eternamente longe.
Ah mas antes isso!
Ainda bem que o mar não cessa de ir e vir constantemente.
Ainda bem que tudo é infinitamente difícil.
Ainda bem que temos de escalar montanhas e que elas vão
sendo cada vez mais altas. Ainda bem que o vento nos oferece resistência
e o fim é infinito.
Ainda bem.
Antes isso.
50 000 vezes isso à igualdade fútil da planície.
Mário Dionísio, in
“Poesia Incompleta”
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