José
Saramago (1922-2010) foi galardoado com o Prémio Camões, em 1995.
Recebeu-o em Lisboa, em Novembro do mesmo ano.A sua actividade literária desenvolveu-se em diversos géneros, tais como, ensaísta, jornalista, romancista, dramaturgo, crítico literário, tradutor, cronista, poeta.
Não me Peçam Razões...
Não me peçam razões, que não
as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que
se entenda Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que
as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.
José Saramago, in "Os Poemas Possíveis"
Epitáfio para Luís de Camões
Que sabemos de ti, se versos só deixaste,
Que lembrança ficou no mundo que tiveste?
Do nascer ao morrer ganhaste os dias todos,
Ou perderam-te a vida os versos que fizeste?
“Estas quatro perguntas foram retiradas do livro “Os Poemas Possíveis”, publicado em 1966. Até hoje, mais de quarenta anos
passados, ainda não lhes encontrei resposta. Talvez nem a tenham.
Escrevo isto em 10 de junho, aniversário da morte
do autor de “Os
Lusíadas”, livro fundamental da literatura
portuguesa. Camões
morreu pobre e esquecido, embora hoje os escritores
em língua
portuguesa vivam como uma honra única receber o Prémio que leva
o
seu nome.”
José Saramago
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