Paul Celan
(Chernivtsi, Roménia, 1920 – Paris, França, 1970).
Foi poeta, ensaísta, tradutor e professor.
Os seus pais, judeus de língua alemã, foram mortos
no Holocausto. Celan escapou da morte porque estava a trabalhar num campo nazi.
O seu poema Fuga
da Morte é considerado como uma magistral descrição do horror vivido num
campo de concentração.
Apesar da sua origem judaica, de ter nascido na
Roménia e de ter vivido dezenas de anos em Paris, Celan quis ser sempre visto como
um escritor alemão.
Recebeu, além de outros, o “Prémio Literário da
Cidade de Bremen” e o ”Prémio Georg Büchner”.
Palavras de Paul Celan:
“Não há nada no mundo que faça um poeta desistir de
escrever, nem mesmo quando ele é um judeu e a língua dos seus poemas é o
alemão.”
Elogio da Distância
Na fonte dos teus olhos
vivem os fios dos pescadores do lago da loucura.
Na fonte dos teus olhos o mar cumpre a sua promessa.
vivem os fios dos pescadores do lago da loucura.
Na fonte dos teus olhos o mar cumpre a sua promessa.
Aqui, coração
que andou entre os homens, arranco
do corpo as vestes e o brilho de uma jura:
que andou entre os homens, arranco
do corpo as vestes e o brilho de uma jura:
Mais negro no negro, estou mais nu.
Só quando sou falso sou fiel.
Sou tu quando sou eu.
Na fonte dos
teus olhos
ando à deriva sonhando o rapto.
Um fio apanhou um fio:
separamo-nos enlaçados.
Na fonte dos teus olhos
um enforcado estrangula o baraço.
Paul Celan, in “Papoila e Memória”.
Só quando sou falso sou fiel.
Sou tu quando sou eu.
ando à deriva sonhando o rapto.
Um fio apanhou um fio:
separamo-nos enlaçados.
Na fonte dos teus olhos
um enforcado estrangula o baraço.
Paul Celan, in “Papoila e Memória”.
Tradução: João
Barrento e Y. K. Centeno.
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