Gabriel de Oliveira (1891-1953)
nasceu em Lisboa, Portugal.
Foi
um dos mais conceituados poetas do Fado.
Os
seus poemas descrevem, com grande realismo, as personagens e os ambientes dos
bairros antigos de Lisboa.
Escreveu
inúmeros fados que se tornaram famosos, tais como Senhora da Saúde, mais conhecido como Fado da Mouraria, Ave- Maria
do Fado, Senhora do Monte, Feira da Ladra, O Embuçado.
O
Fado Há Festa na Mouraria está incluído
na “Antologia dos Poetas Modernos Portugueses”, organizada por Fernando Pessoa
e António Botto.
O
Embuçado
Noutro
tempo a fidalguia,
que deu brado nas toiradas,
frequentava a Mouraria
e em muito palácio havia
descantes e guitarradas.
A história que vou narrar
que deu brado nas toiradas,
frequentava a Mouraria
e em muito palácio havia
descantes e guitarradas.
A história que vou narrar
contou-ma certa velhinha,
um dia que fui cantar
ao salão de um titular
lá p´ro o Paço da Rainha!
A esse salão doirado,
de ambiente nobre e sério,
para ouvir cantar o fado,
ia sempre um embuçado,
personagem de mistério…
Mas certa noite houve alguém
que lhe disse, erguendo a fala:
« Embuçado, nota bem,
que hoje não fique ninguém
embuçado nesta sala!»
um dia que fui cantar
ao salão de um titular
lá p´ro o Paço da Rainha!
A esse salão doirado,
de ambiente nobre e sério,
para ouvir cantar o fado,
ia sempre um embuçado,
personagem de mistério…
Mas certa noite houve alguém
que lhe disse, erguendo a fala:
« Embuçado, nota bem,
que hoje não fique ninguém
embuçado nesta sala!»
Ante a admiração geral,
descobriu-se o embuçado.
era El-Rei de Portugal,
houve beija-mão real
e… depois cantou-se o fado.
Gabriel
de Oliveira
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