Arménio Vieira (Praia,
Santiago, Cabo Verde, 1941).
Recebeu o Prémio Camões numa cerimónia
realizada no Museu dos Coches, em Lisboa.
Instituído pelos governos português e brasileiro em 1988, o Prémio Camões distingue, anualmente, um
autor que, pelo conjunto da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento
do património literário e cultural da língua portuguesa.
Helena
Buescu, professora catedrática e escritora portuguesa,
presidente do júri, considerou que “a atribuição
do Prémio Camões a Arménio Vieira é o reconhecimento da literatura e da visão
literária importantíssima do poeta cabo-verdiano. Cabo Verde tem, de facto, uma
tradição literária e cultural que merece reconhecimento”.
Palavras de Arménio Vieira:
"A título pessoal, eu
esperava o prémio. Mas por causa de ser Cabo Verde, admiti que fosse ainda um
bocado cedo. É pequeno em relação à imensidão do Brasil, que tem centenas de
escritores óptimos. E Portugal também. Seria muito difícil Cabo Verde apanhar o
prémio".
Quiproquó
Há uma torneira
sempre a dar horas
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto
Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicído de um poeta
Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto
Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicído de um poeta
Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.
Arménio
Vieira
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