quarta-feira, 13 de maio de 2015

PRÉMIO CAMÕES – 2009 - ARMÉNIO VIEIRA

 
 
 
 
 
 

Arménio Vieira (Praia, Santiago, Cabo Verde, 1941).

Recebeu o Prémio Camões numa cerimónia realizada no Museu dos Coches, em Lisboa.

Instituído pelos governos português e brasileiro em 1988, o Prémio Camões distingue, anualmente, um autor que, pelo conjunto da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa.

Helena Buescu, professora catedrática e escritora portuguesa, presidente do júri, considerou que “a atribuição do Prémio Camões a Arménio Vieira é o reconhecimento da literatura e da visão literária importantíssima do poeta cabo-verdiano. Cabo Verde tem, de facto, uma tradição literária e cultural que merece reconhecimento”.

 

Palavras de Arménio Vieira:

"A título pessoal, eu esperava o prémio. Mas por causa de ser Cabo Verde, admiti que fosse ainda um bocado cedo. É pequeno em relação à imensidão do Brasil, que tem centenas de escritores óptimos. E Portugal também. Seria muito difícil Cabo Verde apanhar o prémio".
 
 
              Quiproquó
 
Há uma torneira sempre a dar horas
há um relógio a pingar no lavabos
há um candelabro que morde na isca
há um descalabro de peixe no tecto

Há um boticário pronto para a guerra
há um soldado vendendo remédios
há um veneno (tão mau) que não mata
há um antídoto para o suicído de um poeta

Senhor, Senhor, que digo eu (?)
que ando vestido pelo avesso
e furto chapéu e roubo sapatos
e sigo descalço e vou descoberto.
 
 
Arménio Vieira
 

 

 

 

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