André Breton (Tinchebray, França, 1896 – Paris, França, 1966).
Foi poeta,
ensaísta, crítico, editor e escritor.
Foi
o mentor da revista “Littérature”.
No Manifesto do
Surrealismo , publicado em 1924,
proclamou o não conformismo e propôs a
fórmula de criação chamada automatismo psíquico , segundo a
qual escreveu o romance Nadja.
No Segundo Manifesto do
Surrealismo , em 1930, reafirmou a
fidelidade aos princípios do movimento.
Palavras
de André Breton :
"Tudo nos leva a acreditar que existe um certo
estado da mente em que vida e morte, o real e o imaginário, passado e futuro, o
comunicável e o incomunicável, altura e profundidade não são mais percebidos
como contraditórios."
A Poesia
A poesia como o amor faz-se na cama
Os seus lençóis desfeitos são a aurora das coisas
A poesia faz-se nas matas
Tem todo o espaço de que precisa
Não este mas o outro condicionado por
O olho do milhafre
O orvalho sobre a cavalinha
A lembrança de Traminer embaciada em bandeja de prata
Uma alta vara de turmalina sobre o mar
E a estrada da aventura mental
Que sobe a prumo
Pára e fica logo coberta de mato
Isto não se apregoa aos quatro ventos
Não é conveniente deixar a porta aberta
Ou chamar testemunhas
Os cardumes de peixes os bandos de melharucos
Os carris à entrada duma grande estação
As luzes das duas margens
Os sulcos do pão
A espuma da ribeira
Os dias do calendário
O hipericão
Acto de amor e acto de poesia
São incompatíveis
Com a leitura do jornal em voz alta
O sentido do raio de sol
O clarão azul que liga as machadadas do lenhador
O fio do papagaio de papel em forma de coração ou de laço
O batimento ritmado da cauda dos castores
A diligência do relâmpago
O arremesso de confeitos do alto de velhas escadas
A avalanche
A câmara dos sortilégios
Não cavalheiros não é a oitava Câmara
Nem os vapores da camarata ao domingo à noite
Os passos de dança transparentes por cima dos mares
A demarcação na parede dum corpo de mulher ao lançar de punhais As claras volutas do fumo
Os anéis do teu cabelo
A curva da esponja das Filipinas
Os nós da serpente vermelha
A entrada da hera nas ruínas
Tem todo o tempo à sua frente
O abraço poético como o abraço carnal
Enquanto dura Impede toda a fugida sobre a miséria do mundo
André Breton
A poesia como o amor faz-se na cama
Os seus lençóis desfeitos são a aurora das coisas
A poesia faz-se nas matas
Tem todo o espaço de que precisa
Não este mas o outro condicionado por
O olho do milhafre
O orvalho sobre a cavalinha
A lembrança de Traminer embaciada em bandeja de prata
Uma alta vara de turmalina sobre o mar
E a estrada da aventura mental
Que sobe a prumo
Pára e fica logo coberta de mato
Isto não se apregoa aos quatro ventos
Não é conveniente deixar a porta aberta
Ou chamar testemunhas
Os cardumes de peixes os bandos de melharucos
Os carris à entrada duma grande estação
As luzes das duas margens
Os sulcos do pão
A espuma da ribeira
Os dias do calendário
O hipericão
Acto de amor e acto de poesia
São incompatíveis
Com a leitura do jornal em voz alta
O sentido do raio de sol
O clarão azul que liga as machadadas do lenhador
O fio do papagaio de papel em forma de coração ou de laço
O batimento ritmado da cauda dos castores
A diligência do relâmpago
O arremesso de confeitos do alto de velhas escadas
A avalanche
A câmara dos sortilégios
Não cavalheiros não é a oitava Câmara
Nem os vapores da camarata ao domingo à noite
Os passos de dança transparentes por cima dos mares
A demarcação na parede dum corpo de mulher ao lançar de punhais As claras volutas do fumo
Os anéis do teu cabelo
A curva da esponja das Filipinas
Os nós da serpente vermelha
A entrada da hera nas ruínas
Tem todo o tempo à sua frente
O abraço poético como o abraço carnal
Enquanto dura Impede toda a fugida sobre a miséria do mundo
André Breton
Muito boa!!!
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