Alfonsina Storni (Sala Capriasca, Suíça, 1892 – Mar del Plata, Argentina, 1938).
Professora, dramaturga e poetisa, iniciou a sua carreira literária em
1916 com o livro de versos, La
inquietude del rosal, que a crítica recebeu com entusiasmo.
A sua poesia
divide-se em duas fases: a que se caracteriza pela influência do romantismo e a
que se manifesta por uma visão angustiante e melancólica.
Em 1998, o dramaturgo português Tiago Torres da Silva escreveu o monólogo: É o Mar, Alfonsina, é o Mar, em homenagem à poetisa que se suicidara no mar da Prata. Esta peça foi apresentada no Brasil durante o “Oitavo Festival de Teatro de Curitiba”.
“Ter um desejo: morrer. E uma esperança: não morrer.”
Vou dormir
Dentes de flores, touca de sereno,
Mãos de ervas, tu, ama-de-leite fina,
Deixa-me prontos os lençóis terrosos
E o edredom de musgos escardeados.
Vou dormir, ama-de-leite minha, deita-me.
Põe-me uma lâmpada à cabeceira;
Uma constelação; a que te agrade;
Todas são boas: a abaixa um pouquinho.
Deixa-me sozinha: ouves romper os brotos…
Te embala um pé celeste desde acima
E um pássaro te traça uns compassos
Para que esqueças… obrigado. Ah, um encargo:
Se ele chama novamente por telefone
Diz-lhe que não insista, que saí…
(este poema foi escrito três dias antes de se suicidar)
Alfonsina Storni
Tradução: Héctor Zanetti
Imagem: pintura de Eduardo Anahory ( Portugal, 1917 - 1985).
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