Alphonse de Lamartine (Mâcon,
França, 1790 – Paris, França, 1869).
Poeta, romancista, dramaturgo e
político, Lamartine é das maiores figuras
do romantismo em França.
As
Primeiras Meditações Poéticas, seu primeiro trabalho lírico,
proporcionou-lhe notoriedade, sendo considerado, pela nova geração de poetas
românticos, como seu mestre.
Os seus temas dominantes são a
religião e o amor.
Palavras
de Alphonse de Lamartine:
“Quantas vezes o coveiro encerra,
sem o saber, dois corações num mesmo esquife!”
A uma flor seca dum álbum
Vem-me à lembrança. Eram praias
Nas quais um céu de Meio-Dia me atraía,
Céu sem mancha nem borrasca,
Onde, sob as folhagens, respirava
Do morno ar os perfumes.
Mar sem-fim,
Azul, no horizonte, perdia-se.
A laranjeira, esta festiva árvore,
Por instantes, por sobre minha cabeça nevava.
Odores pelas relvas
exalando-se.
Rente a uma coluna atravessavas
Dum templo pelo tempo apagado
Nele uma coroa fazias
Seu tronco, monótono, lembrar fazes
Com teus flutuantes
capitéis.
Flor que a ruína adorna
Sem um olhar que te admire.
Teu alvo estame colhi
Pro meu peito transportei
A fim de teu perfume
sorver.
Hoje, céu, templo, praia
Pra sempre tudo se foi:
Na nuvem teu perfume encontra-se
Dum belo dia, morta, a
imagem!
Alphonse de Lamartine
Tradução: Cunha e Silva
Filho
Imagem: pintura de Eduardo Anahory (Lisboa, Portugal, 1917-1985).
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