terça-feira, 27 de outubro de 2015

ALPHONSE DE LAMARTINE - A uma flor seca dum álbum

 
 
 
 
 
 
Alphonse de Lamartine (Mâcon, França, 1790 – Paris, França, 1869).
Poeta, romancista, dramaturgo e político, Lamartine é das maiores figuras do  romantismo  em França.
As Primeiras Meditações Poéticas, seu primeiro trabalho lírico, proporcionou-lhe notoriedade, sendo considerado, pela nova geração de poetas românticos, como seu mestre.
Os seus temas dominantes são a religião e o amor.
 
 
Palavras de Alphonse de Lamartine:
“Quantas vezes o coveiro encerra, sem o saber, dois corações num mesmo esquife!”
 
 
A uma flor seca dum álbum
 
Vem-me à lembrança. Eram praias
Nas quais um céu de Meio-Dia me atraía,
Céu sem mancha nem borrasca,
Onde, sob as folhagens, respirava
Do morno ar os perfumes.
 
Mar sem-fim,
Azul, no horizonte, perdia-se.
A laranjeira, esta festiva árvore,
Por instantes, por sobre minha cabeça nevava.
Odores pelas relvas exalando-se.
 
Rente a uma coluna atravessavas
Dum templo pelo tempo apagado
Nele uma coroa fazias
Seu tronco, monótono, lembrar fazes
Com teus flutuantes capitéis.
 
Flor que a ruína adorna
Sem um olhar que te admire.
Teu alvo estame colhi
Pro meu peito transportei
A fim de teu perfume sorver.
 
Hoje, céu, templo, praia
Pra sempre tudo se foi:
Na nuvem teu perfume encontra-se
Dum belo dia, morta, a imagem!
 
 
Alphonse de Lamartine
Tradução: Cunha e Silva Filho
Imagem: pintura de Eduardo Anahory (Lisboa, Portugal, 1917-1985).

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