quarta-feira, 7 de outubro de 2015

AGUINALDO FONSECA – Mãe Negra

 
 
 
 
 

Aguinaldo Fonseca (Mindelo, Cabo Verde, 1922 - Lisboa, Portugal, 2014).

Publicou um único livro de poesia, intitulado Linha do Horizonte.

 

 Palavras de Aguinaldo Fonseca:

“Para mim, poesia é vida”

 
        Mãe Negra


A mãe negra embala o filho.

Canta a remota canção

Que seus avós já cantavam

Em noites sem madrugada.

Canta, canta para o céu

Tão estrelado e festivo.

É para o céu que ela canta,

Que o céu

Às vezes também é negro.

No céu

Tão estrelado e festivo

Não há branco, não há preto,

Não há vermelho e amarelo.

— Todos são anjos e santos

Guardados por mãos divinas.

A mãe negra não tem casa

Nem carinhos de ninguém…

A mãe negra é triste, triste,

E tem um filho nos braços…

Mas olha o céu estrelado

E de repente sorri.

Parece-lhe que cada estrela

É uma mão acenando

Com simpatia e saudade…

 

 

Aguinaldo Fonseca

Imagem: pintura de Elisha Ongere (Quénia, África, 1963)

 

Sem comentários:

Enviar um comentário

MALMEQUER

MALMEQUER Português, ó malmequer Em que terra foste semeado? Português, ó malmequer Cada vez andas mais desfolhado Ma...