Delmira
Agustini (Montevidéu, Uruguai,
1886 – 1914).
Iniciou a sua carreira literária
em 1902, apenas com 16 anos de idade.
Simultaneamente ingénua,
melancólica e enigmática, foi uma das vozes de vanguarda da poesia feminina
hispano-americana.
Na sua obra, há um lirismo de tipo
sensual e um profundo sentido dramático da vida.
Palavras de Delmira
Agustini:
“Para morrer como a lei impõe, o
mar não quer diques. Quer praias!”
O Intruso
Amor, naquela noite trágica e soluçante
Cantou tua chave de ouro em minha fechadura;
E logo, a porta aberta sobre a sombra arrepiante,
Te vi como uma mancha de luz e de brancura.
Tudo me iluminaram teus olhos de diamante;
Beberam-me na taça teus lábios de frescura,
Na almofada pousaste-me a cabeça fragrante;
Amei-te o atrevimento e adorei-te a loucura.
E hoje rio se ris e canto se tu cantas;
Se dormes, durmo como um cão a tuas plantas!
Na própria sombra levo a tua recendente
Primavera; e, se a mão tocas na fechadura,
Tremo e bendigo a noite que - soluçante e escura -
Floriu na minha vida tua boca amanhecente.
Cantou tua chave de ouro em minha fechadura;
E logo, a porta aberta sobre a sombra arrepiante,
Te vi como uma mancha de luz e de brancura.
Tudo me iluminaram teus olhos de diamante;
Beberam-me na taça teus lábios de frescura,
Na almofada pousaste-me a cabeça fragrante;
Amei-te o atrevimento e adorei-te a loucura.
E hoje rio se ris e canto se tu cantas;
Se dormes, durmo como um cão a tuas plantas!
Na própria sombra levo a tua recendente
Primavera; e, se a mão tocas na fechadura,
Tremo e bendigo a noite que - soluçante e escura -
Floriu na minha vida tua boca amanhecente.
Delmira Agustini
Tradução:
Anderson Braga Horta
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