João de Barros
(Viseu, Portugal, 1496 – Pombal,
Portugal, 1570).
(…) D. João III, logo que subiu ao trono, em 1521,
concedeu a João de Barros o cargo de capitão da fortaleza de São Jorge da Mina,
em África. No ano a seguir à sua nomeação, João de Barros partiu para assumir o
seu posto, em África. (…)
Aquando
da propagação da peste negra, em 1530, refugiou-se na sua quinta, em Ribeira de
Alitém, próximo a Pombal. Regressou a Lisboa dois anos mais tarde, quando foi
designado pelo rei para feitor da Casa das Índias e da Mina, uma posição de
grande destaque e responsabilidade. (…)
Além
de se dedicar à administração pública, João de Barros também interessou-se
pelas letras. Muito influenciado pela filosofia humanista, Barros escreveu
várias obras em que destacou a importância da língua como factor de fixação da
soberania imperial. Segundo ele, a língua não é apenas uma realidade
instrumental, mas um elemento que representa a consciência nacional e fortalece
o sentimento de comunidade, sendo um elemento fundamental do modo de ser
português.
Publicou, em 1540, a segunda gramática da língua portuguesa, sendo
precedido, apenas, por Fernão de Oliveira. Intitulada Grammatica da Língua
Portuguesa, a gramática de Barros foi a segunda obra publicada, em
Portugal, com o objetivo de normatizar a língua, tal como era falada naquele
tempo.(…)
João
de Barros sempre apresentou um interesse pela pedagogia e o ensino. Um anos
antes de publicar a referida gramática, já havia publicado uma cartilha
conhecida como Cartinha de João de Barros. (…)
Além destas obras, que colaboraram para o ensino e a
normalização da língua portuguesa, João de Barros também escreveu obras que
exaltavam os feitos dos portugueses no mundo. A primeira, A Crónica do
Imperador Clarimundo, publicada em 1522, exalta a história de Portugal, que
é tratado como "a clareza do mundo", uma terra que representa "a
mãe de todo o esforço". (…)
Em Décadas da Ásia, obra publicada em 4
volumes, sendo o primeiro de 1552, o autor narra as aventuras e as glórias do
império português. É uma obra que impressiona pela sua riqueza informativa,
narrando com muitos pormenores os feitos dos portugueses em África e,
principalmente, na Ásia. (…)
É considerado um grande historiador devido à
quantidade de informações sobre a história de Portugal que concentrou nos seus
livros. (…)
Tendo-se endividado por causa da expedição fracassada
de 1539, nunca conseguiria recuperar-se financeiramente, morrendo na mais
completa miséria, sendo tantas as suas dívidas que os filhos renunciaram ao seu
testamento.
Fonte: Centro Camões
(excertos da biografia de João de Barros).
Imagem: retrato de João de Barros, in Décadas da Ásia,
Lisboa, Ed. de 1777-1778.
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