PIROLITO:BATE
QUE BATE - Semanário
de humor e caricatura, publicou-se no Porto a partir de 24 de Janeiro de
1931 e ter-se-á mantido até Janeiro de 1934.
O Pirolito era propriedade de Oliveira Valença
(1897-1978) que assumia também o cargo de Editor; da direcção do jornal
cuidavam Arnaldo Leite (1886-1968) e Carvalho Barbosa (1884-1936), aos quais se
associava o caricaturista Cruz Caldas (1898-1975).
A equipa não era desconhecida do público do Porto,
quer por via das artes do palco, quer da própria imprensa. (…)
A preponderância
do humor literário sobre o gráfico será filha da ligação da equipa com o teatro
(comédia e revista).
Folheando o jornal descobrem-se assinaturas de
muitos outros autores, mas na sua maioria não passam de pseudónimos. No que
toca às artes, importa registar a presença de TOM (1906-1990) e de Octávio
Sérgio (1896-1965). Nas letras, pode dar-se por garantida a colaboração de Heitor
Campos Monteiro (1899-1936, sob a máscara de «José d´artimanhas», que
assinava a crónica “Um ar da minha graça”. (…)
A brejeirice que
impregnava as páginas do Pirolito também era uma forma de aliciar o leitor
de resistir ao ambiente opressivo que emanava da ditadura militar, instalada
desde Maio de 1926. De qualquer forma, o regime ainda não estava consolidado,
embora levassem avanço as forças mais conservadoras e antidemocráticas.
Embora nada adiantasse
sobre a sua missão, o Pirolito fez questão de clarificar a sua
«inclinação política»: «O “Pirolito” afirma categoricamente a sua simpatia
pelos homens da vanguarda e da retaguarda. Democrático – integralista,
bolchevista, filiado no Centro Católico, monárquico do 31 de Janeiro e bravo
republicano do Mindelo, o nosso jornal, sendo das esquerdas e das direitas,
confessa a sua predilecção pelo centro.»
A agitação revolucionária
que marcou o ano português de 1931, teve fraca ressonância no jornal. Nem a
censura o permitia. Mas as alusões mais genéricas à ditadura e ao
empobrecimento do país fizeram o tema de muitas capas. A actualidade
internacional também mereceu tratamento, particularmente a implantação da
república em Espanha (Abril).
O humor literário teve a
sua atenção centrada na sociedade e nos costumes: a liberdade e a autonomia da
mulher, a moda, a informalidade das relações, os espectáculos, etc.
Fonte: Hemeroteca Municipal de Lisboa (excertos)
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