Tomás
Alcaide (Estremoz, Portugal,
1901 – Lisboa, Portugal, 1967).
Em
pequenas tertúlias de carácter íntimo, revela a sua voz de belo timbre e a
conselho de alguns amigos e de alguns críticos, decide dedicar-se à carreira
lírica. Neste sentido inicia as suas lições de canto, primeiro com o professor
italiano Alberto Sarti e posteriormente com o barítono D. Francisco de Sousa
Coutinho, famoso sobretudo pelo seu papel em “Falstaff”.
Após a sua
primeira apresentação pública realizada no Teatro Bernardim Ribeiro em
Estremoz, Alcaide prossegue os estudos vocais com a célebre meio-soprano
italiana de finais do século XIX, Eugenia Mantelli, que lhe proporciona não só
uma sólida preparação musical como também o inicia em alguns dos papéis mais
apropriados para a sua voz, como o de Rodolfo, Fausto ou Duque de Mântua. (…)
Aos 24 anos,
mais precisamente a 19 de Abril de 1925, Tomás Alcaide decide partir para Milão
para se aperfeiçoar ainda mais na sua arte. Nesta cidade vai estudar durante
algum tempo com o Maestro Fernando Ferrara que depois de ter apurado
metodicamente a técnica vocal do seu brilhante aluno o direcciona correctamente
para o reportório comummente conhecido como “di grazia”, o que melhor se
adaptava à sua voz. Neste sentido aconselha-o a estudar os papéis de Almaviva,
Elvino, Ernesto, Nadir, De Grieuz e Werther.
No final
desse ano de 1925, mais precisamente a 5 de Dezembro, Alcaide estreia-se no
Teatro Carcano de Milão, aí interpretando o papel de Maestro Wilhelm,
personagem da ópera “Mignon” de Ambroise Thomas.
Dava-se
assim início a uma brilhante carreira internacional, pois após a sua estreia no
Teatro Carcano, Alcaide vai trabalhar ininterruptamente em quase todos os
teatros Italianos. A sua enorme fama leva-o por exemplo, em 1930, a ser o tenor
escolhido para a estreia mundial das óperas contemporâneas “As Preciosas
Ridículas” de Felice Lattuada e “Il Re” de Umberto Giordano, ambas estreadas a
26 de Janeiro desse ano no Teatro Reale de Roma. Após o sucesso destas récitas
Alcaide apresenta-se no Scala de Milão, onde é ouvido não só n’ “As Preciosas
Ridículas” como também em “Il Gobbo del Califfo” de Franco Casavola e “Madonna
Imperia” de Franco Alfano. (…)
Entretanto,
na década de 30 do século XX, quando o seu talento de grande tenor era já
reconhecido por toda a Europa, Alcaide estreia-se no mundo da zarzuela e da
ópera vienense. Em Montecarlo interpreta em 1934 “Doña Francisquita” do
espanhol Amadeo Vives e em Boulogne sur mer, Bruxelas e Paris interpreta em
1937 a opereta “O País dos Sorrisos” de Franz Lehár, um sucesso estrondoso.
Ficarão famosas as suas interpretações de personagens libertinas, fazendo uso
da sua voz de grande pureza de timbre.
No entanto
com o início da 2ª Guerra Mundial, Tomaz Alcaide vê-se obrigado a partir para a
América do Sul. O Teatro Colón em Buenos Aires, recebe-o de braços abertos,
assim como a Ópera do Rio de Janeiro e o Teatro Municipal de São Paulo. É aliás
no Brasil que Alcaide conhece a sua 2ª mulher, Asta-Rose Alcaide.
Apreciado
pelos seus incontestáveis dotes naturais – os seus “pianíssimos” eram levados
ao extremo – e pelo seu virtuosismo técnico e escola vocal, Tomás Alcaide
apresentou-se durante mais de duas décadas nos mais importantes teatros líricos
da Europa e América. Entre eles contam-se o Scala de Milão, o San Carlo de
Nápoles, o Real de Roma, a Ópera de Paris, a Ópera de Viena, o Teatro Real de
La Monnaie em Bruxelas, o Teatro Nacional de S. Carlos, o Teatro Colón em
Buenos Aires, a Ópera do Rio de Janeiro e o Teatro Municipal de São Paulo,
palcos onde interpretou um vasto reportório de onde se destacam as óperas “La
Favorita”, “Rigoletto”, “Cavalleria Rusticana”, “Manon”, “Romeu e Julieta”, “Os
Pescadores de Pérolas” e “Werther”. (…)
Na última
década de vida, Alcaide realizou diversas conferências, publicou a sua
autobiografia intitulada Um Cantor no
Palco e na Vida, colaborou em programas de rádio ao lado de João de Freitas
Branco e de Maria Helena de Freitas e dirigiu a Escola de Canto do Teatro da
Trindade acumulando aqui os cargos de mestre de canto e de encenador da
Companhia Portuguesa de Ópera
Fonte: Biografia de Tomás Alcaide de autoria do pianista e maestro António Ferreira
(excertos).
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Palavras de
Tomás Alcaide:
“A noite de
estreia no “Teatro Scala” de Milão foi para mim, como é de imaginar, uma grande
noite.”
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