segunda-feira, 20 de junho de 2016

HILDA HILST - Dez chamamentos ao amigo





Hilda Hilst (São Paulo, Brasil, 1930 – 2004)

Foi uma ficcionista, cronista, dramaturga e poeta brasileira, considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século 20.

Iniciou sua produção literária em São Paulo, com o livro de poemas Presságio (1950). Estreou na dramaturgia em 1967 e na ficção em 1970, com Fluxo Floema

Segundo o crítico Anatol Rosenfeld, “Hilda pertence ao raro grupo de artistas que conseguiu qualidade excepcional em todos os gêneros literários a que se propôs — poesia, teatro e ficção”. (…)

Hilda Hilst, dona de uma linguagem inovadora e abrangente, produziu mais de quarenta títulos entre poesia, teatro e ficção e escreveu por quase 50 anos, tendo sido agraciada com os mais importantes prêmios literários do Brasil.

Criadora de textos em que Atemporalidade, Real e Imaginário se fundem e os personagens mergulham no intenso questionamento dos significados, buscando compreensão e encontro do essencial, Hilda retrata sem cessar a frágil e surpreendente condição humana.

De temperamento transgressor, prezando a liberdade, dona de uma rara beleza e coragem, culta e poeta, Hilda teve uma personalidade marcante e sedutora que ia de encontro aos costumes tradicionais vigentes nos anos 1950, criando-se um folclore ao seu redor que, segundo alguns críticos, até chegou a ofuscar a importância de sua obra.


in “Instituto Hilda Hilst” (excertos)




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Palavras de Hilda Hilst:
“Livrai-me, Senhor, dos abestados e atoleimados.”



Dez chamamentos ao amigo

Se te pareço noturna e imperfeita
Olha-me de novo. Porque esta noite
Olhei-me a mim, como se tu me olhasses.
E era como se a água
Desejasse

Escapar de sua casa que é o rio
E deslizando apenas, nem tocar a margem.

Te olhei. E há tanto tempo
Entendo que sou terra. Há tanto tempo
Espero
Que o teu corpo de água mais fraterno
Se estenda sobre o meu. Pastor e nauta

Olha-me de novo. Com menos altivez.
E mais atento.

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