terça-feira, 14 de junho de 2016

JOÃO APOLINÁRIO - É preciso avisar...





João Apolinário (Sintra, Portugal, 1924 - Marvão, Portugal, 1988). 

Publicou, em 1955, o seu primeiro livro de poesia, Morse de Sangue, escrito na prisão por ser um opositor ao regime de Salazar.
Oito anos depois, exilou-se em São Paulo, Brasil, onde fundou com outros jornalistas a "Associação Paulista de Críticos de Arte". 

Outros livros do autor: Primavera de Estrelas, Poemas Cívicos, Apátridas, Eco Humus Homem Lógico, A Arte de Dizer. 

Regressou a Portugal após o 25 de Abril de 1974.



É preciso avisar...



É preciso avisar toda a gente
dar notícia informar prevenir
que por cada flor estrangulada
há milhões de sementes a florir


É preciso avisar toda a gente
segredar a palavra e a senha
engrossando a verdade corrente
duma força que nada detenha


É preciso avisar toda a gente
que há fogo no meio da floresta
e que os mortos apontam em frente
o caminho da esperança que resta


É preciso avisar toda a gente
transmitindo este morse de dores
É preciso imperioso e urgente
mais flores mais flores mais flores.

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