Maria Campina nasceu em Loulé, Algarve, Portugal, em Janeiro de 1914.
Esta
pianista, uma das mais talentosas da Europa de todos os tempos, concluiu o seu
curso superior de piano do Conservatório Nacional, onde foi aluna de grandes
mestres, entre os quais os extraordinários maestros portugueses Varela Cid e
Luís de Freitas Branco, em 1935, com a classificação de 20 valores.
Enquanto
frequentou aquele Conservatório, Maria Campina foi premiada com todos os
galardões para os melhores alunos, incluindo o 1º prémio do Conservatório
Nacional, nunca alcançado por qualquer outro aluno daquele estabelecimento de
ensino.
Estreou-se
em Lisboa naquele mesmo ano, num concerto na Casa do Algarve e fez questão de que
o segundo fosse dado na sua terra natal, pouco tempo depois, no dia 8 de
Agosto.
Todo
o país fazia, então, questão em escutar aquela jovem e bonita pianista,
louvando-lhe a capacidade interpretativa, a técnica e, especialmente, a sua
extraordinária sensibilidade artística e emocional. (…)
A
Emissora Nacional tinha dois serviços e a estação de “Lisboa 2”, com uma
programação cultural e científica, emitia, diariamente, concertos de música clássica
e ópera. Além disso, a estação tinha a sua própria Orquestra Sinfónica, de
grande nível.
Maria
Campina não tinha mãos a medir, quer em récitas individuais, quer integrada ou
como solista da Orquestra Sinfónica, que, tal como a outra orquestra da estação
oficial, a Orquestra Ligeira, percorria o país de lés a lés, numa
descentralização que hoje deixaria surpreendido o mais insistente defensor da
cultura descentralizada.
Mas
a pianista não se limitava a dar vida às partituras dos grandes compositores,
escrevia também para os jornais, proferia conferências, interessava-se pela
vida cultural do país.
Em
1949, Maria Campina decidiu participar num concurso internacional na Áustria,
pátria de grandes músicos e intérpretes.
No
Mozarteum de Salzburgo, iria ombrear com quinze dos maiores pianistas mundiais
do seu tempo. Interpretou obras de Mozart e de Johan Sebastian Bach e o júri,
por unanimidade, o que raramente se voltou a repetir, declarou-a vencedora. É o
reconhecimento internacional da grande dama do piano. Toda a Europa, América do
Sul e África puderam, então, escutar a magia das suas
interpretações.
Maria Campina criou, por
essa altura, na Academia de Música do Funchal, a disciplina de Iniciação
Musical, mostrando, deste modo, a sua sensibilidade pedagógica e visão para as
carências educativas da escola, em Portugal.
Já em Lisboa, alguns anos
mais tarde, em 1962, a pianista algarvia abraçava convictamente a ideia da
criação de um conservatório na região do Algarve, que outros antes haviam
lançado mas a que, à boa maneira das nossas cabeças pensantes, ninguém pusera
em prática.
Durante dez anos, Maria
Campina não esmoreceu, numa luta constante contra o imobilismo das
instituições, a descrença dos poderes constituídos e a indiferença de quem
tinha a obrigação de ser entusiasta e promotor.
Em 1972, Maria Campina
pôde, finalmente, ainda em casa emprestada, receber os primeiros alunos do
«seu» Conservatório Regional do Algarve.
Durante os doze anos que
se seguiram, a pianista louletana pôde dar largas ao seu sonho, formando
crianças e jovens algarvios.
Cheia de paciência, a
grande mestra que o mundo apreciara como intérprete musical, consagrou, então,
a sua vida à tarefa de ensinar solfejo, de desenhar claves de sol, de colocar
as mãos sobre o teclado, tocar as escalas e acordes, ou a encontrar a posição
da coluna quando se está sentado perante um teclado.
Galardoada, em 1979, com o
grau de Comendador da Ordem de Instrução Pública, Maria Campina empenhava-se,
então, com o seu marido, Pedro Ruivo, em conseguir apoios para a construção de
uma escola de raiz, enquanto «fornadas» de jovens lhe iam passando pelas mãos
delicadas.
Maria Campina faleceu em
27 de Fevereiro de 1984 e seria o seu marido quem veria, finalmente,
concretizado o seu sonho: o excelente edifício que alberga hoje o Conservatório Regional Maria Campina,
de que todos os algarvios se podem orgulhar.
Fonte: Conservatório
Regional do Algarve (excertos)
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