Adelaide Cabete (Alcáçova, Elvas, Portugal, 1867 – Lisboa, 1935).
Foi médica, republicana, sufragista e defensora convicta dos ideais feministas.
Ingressa, em 1896, na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Lá, aprende a arte da Medicina com figuras ilustres como Alfredo da Costa, Miguel Bombarda e Curry Cabral.
Em 1900, já com 33 anos de idade, termina a licenciatura em Medicina com a apresentação da tese “A protecção às mulheres grávidas como meio de promover o desenvolvimento físico das novas gerações”, assumindo-se como a terceira mulher a cumprir Medicina em Portugal.
Adelaide apela, como médica, aos cuidados materno-infantis, reivindicando a construção da Maternidade Alfredo da Costa, a qual foi inaugurada em 1932.
Promove também o acesso à saúde pública, bem como algumas medidas profiláticas contra doenças infecto-contagiosas. Ainda assim, a sua devoção ao exercício médico não a impede de defender os ideais políticos nos quais piamente acreditava.
Assim, como politica e presidente do Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, reclama a protecção à mulher pobre e à jovem grávida, a erradicação da prostituição e os cuidados na educação das crianças, mostrando-se contrária à prática abortiva.
Neste sentido, as variadíssimas obras que publica, visam apelar à igualdade de direitos entre homens e mulheres e ao direito às condições mínimas de sobrevivência das mulheres.
Nos congressos nacionais e internacionais feministas em que participou, durante a década de 20, divulga o papel da mulher nos vários domínios da sociedade portuguesa.
Em 1929 parte para Angola, onde se empenha na defesa dos direitos dos indígenas e de outras causas justas, sem nunca esquecer a luta pela criação de maternidades e de instituições para crianças.
Em suma, Adelaide Cabete, mulher de bagagem intelectual extensa, foi lutadora ímpar e defensora convicta dos ideais feministas. O seu dinamismo, frontalidade e forte personalidade não a deixaram dormir sobre os louros conquistados.
Solidária, bondosa e destemida, não se limitou a teorias, deixando-nos uma vasta obra que se pauta pela sua linguagem clara, simples e objectiva, com aplicação prática.
Fonte: Dicionário de Médicos Portugueses (excertos)
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Algumas das suas obras: Papel que o Estudo da Puericultura, da Higiene Feminina Deve Desempenhar no Ensino Doméstico, Protecção à Mulher Grávida, A Luta Anti-Alcoólica nas Escolas.
Palavras de Adelaide Cabete:
“Àqueles timoratos que perguntam onde irá o feminismo parar, responder-lhes-emos: o feminismo terminará onde acabam todas as ideias de progresso e toda a esperança generosa; terminará onde acabam todas as aspirações justas”.
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