António Fogaça (Barcelos, Portugal,
1863 – Coimbra, 1888).
Amigo e admirador de António Nobre, na sua poesia
reflecte-se uma estética simbolista com pendores para para uma visão
alucinatória da realidade, através de imagens audaciosas em que se mistura o belo e o perverso.
A sua obra acusa, no entanto, em certos aspectos, alguma
imaturidade, dada a precocidade da sua morte, ocorrida quando frequentava o 3º
ano de Direito em Coimbra.
Bulhão Pato diria então: «Brioso e gentil, a mãe
adorava-o; condiscípulos aplaudiam-no; tinha pouco mais de 20 anos; era um
poeta».
in “Dicionário de Cultura”
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Em
vida, apenas viu publicado o seu livro Versos
da Mocidade (1887).
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Os
Rouxinóis
No
meu jardim, num cedro em que a frescura
e
a flor da novidade vêm brotando,
pousa,
por vezes, um ditoso bando
de
alegres rouxinóis, entre a verdura. . .
Quando
ali vou, tristíssimo, à procura
de
sossego e de luz, de quando em quando,
sinto-os
vir e pousar, ouço-os cantando
no
doce idílio de uma paz obscura.
E,
desditoso, eu lembro com saudade,
último
brilho do meu peito ardente,
que
assim também, num íntimo vigor,
sobre
o flóreo jardim da mocidade,
cantaram
na minh'alma alegremente,
como no cedro, os rouxinóis do amor!...
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