Luís Amaro (Aljustrel, Portugal, 1923)
Luís Amaro aprendeu sozinho, aos 12 anos, a escrever à
máquina num cartório local onde prestava serviços.
Não tardou que saísse a público com a crónica «Alentejo» no semanário republicano Ala Esquerda ou que guardasse, da necrologia do Diário de Notícias, o conhecimento do fim da existência de um poeta chamado Fernando Pessoa (cujo nome então começara por estranhar e que viria a ser-lhe «alimento espiritual»).
Foi cofundador das folhas de poesia Árvore, e colaborador de muitas
outras revistas literárias entre as quais a Távola Redonda, a
Seara Nova, Colóquio e Letras
Herdeiro, entre outros, de Nobre, Duro, Pessoa, Régio,
Pascoais ou Botto, Luís Amaro tem sobretudo considerado, na sua poética
essencial, o malogro do mundo e o do seu «destino baço», em leitura
lírica (dita «neo-romântica» por ele mesmo e, outrossim, filiada no
segundo modernismo) que alia a extrema sensibilidade, a agudeza de espírito, a
limpidez formal e uma estruturante essencialidade que levou Ramos Rosa a
definir o seu canto como «poesia nua, obsessiva, emocionalmente transparente»
e, ao seu autor, como «poeta da interioridade pura» que fez da «solidão uma
habitação humana».
Testemunho de José Augusto França: «Poucos intelectuais tanto intervieram na segunda metade de Novecentos como Luís Amaro».
Testemunho de José Augusto França: «Poucos intelectuais tanto intervieram na segunda metade de Novecentos como Luís Amaro».
Testemunho de Graça Moura: «Luís Amaro é a pessoa
que mais sabe em Portugal sobre livros e escritores».
Fonte: Biblioteca Nacional de Portugal (excertos e adaptação).
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Palavras de Luís Amaro:
“A minha
infância, em rigor, talvez o não fosse.”
Retrato
Um
silêncio, um olhar, uma palavra:
Nasceste
assim na minha vida,
Inesperada
flor de aroma denso,
Tão casual e breve...
Já
te visionara no meu sonho,
Imagem
de segredo, esparsa ao vento
Da
noite rubra, delicada, intacta.
E
pressentira teu hálito na sombra
Que minhas mãos desenham,
inquietas.
Existias
em mim. O teu olhar
Onde
cintila, pura, a madrugada,
Guardara-o
no meu peito, ó invisível,
Flutuante
apelo das raízes
Que teimam em prender-te,
minha vida!
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