segunda-feira, 3 de outubro de 2016

LUÍS AMARO - “A pessoa que mais sabe em Portugal sobre livros e escritores.”





Luís Amaro (Aljustrel, Portugal, 1923)

Luís Amaro aprendeu sozinho, aos 12 anos, a escrever à máquina num cartório local onde prestava serviços.

Não tardou que saísse a público com a crónica «Alentejo» no semanário republicano Ala Esquerda ou que guardasse, da necrologia do Diário de Notícias, o conhecimento do fim da existência de um poeta chamado Fernando Pessoa (cujo nome então começara por estranhar e que viria a ser-lhe «alimento espiritual»).

Foi cofundador das folhas de poesia Árvore, e colaborador de muitas outras revistas literárias entre as quais a Távola Redonda,  a Seara Nova, Colóquio e Letras

Herdeiro, entre outros, de Nobre, Duro, Pessoa, Régio, Pascoais ou Botto, Luís Amaro tem sobretudo considerado, na sua poética essencial, o malogro do mundo e o do seu «destino baço», em leitura lírica (dita «neo-romântica» por ele mesmo e, outrossim, filiada no segundo modernismo) que alia a extrema sensibilidade, a agudeza de espírito, a limpidez formal e uma estruturante essencialidade que levou Ramos Rosa a definir o seu canto como «poesia nua, obsessiva, emocionalmente transparente» e, ao seu autor, como «poeta da interioridade pura» que fez da «solidão uma habitação humana».


Testemunho de José Augusto França: «Poucos intelectuais tanto intervieram na segunda metade de Novecentos como Luís Amaro».

Testemunho de Graça Moura: «Luís Amaro é a pessoa que mais sabe em Portugal sobre livros e escritores».




Fonte: Biblioteca Nacional de Portugal (excertos e adaptação).



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Palavras de Luís Amaro:
“A minha infância, em rigor, talvez o não fosse.”



                 Retrato


Um silêncio, um olhar, uma palavra:
Nasceste assim na minha vida,
Inesperada flor de aroma denso,
Tão casual e breve...

Já te visionara no meu sonho,
Imagem de segredo, esparsa ao vento
Da noite rubra, delicada, intacta.
E pressentira teu hálito na sombra
Que minhas mãos desenham, inquietas.

Existias em mim. O teu olhar
Onde cintila, pura, a madrugada,
Guardara-o no meu peito, ó invisível,
Flutuante apelo das raízes

Que teimam em prender-te, minha vida!

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