CÉSAR VALLEJO
(Santiago de Chuco, Peru, 1892 – Paris,
França, 1938).
Poeta
Foi um dos maiores poetas
hispano-americanos do século XX.
***
OS PASSOS DISTANTES
Meu pai repousa. Seu semblante augusto
semelha um aprazível coração;
parece-me tão puro...
se há nele algo de amargo, serei eu.
Há solidão em toda casa; rezam;
não há notícia de seus filhos hoje.
Meu pai desperta, atenta os olhos
à fuga para o Egipto, o lancinante adeus.
Parece-me tão próximo;
se há nele algo distante, serei eu.
E minha mãe passeia nos jardins,
saboreando um sabor já sem sabor.
Parece-me tão suave,
tão asa, tão saída, tão amor.
Há solidão na casa silenciosa,
sem notícias, sem verde, sem infância.
E se algo há de quebrado nesta tarde,
que baixa e que se parte,
são dois velhos caminhos curvos, brancos.
Por eles vai meu coração a pé.
semelha um aprazível coração;
parece-me tão puro...
se há nele algo de amargo, serei eu.
Há solidão em toda casa; rezam;
não há notícia de seus filhos hoje.
Meu pai desperta, atenta os olhos
à fuga para o Egipto, o lancinante adeus.
Parece-me tão próximo;
se há nele algo distante, serei eu.
E minha mãe passeia nos jardins,
saboreando um sabor já sem sabor.
Parece-me tão suave,
tão asa, tão saída, tão amor.
Há solidão na casa silenciosa,
sem notícias, sem verde, sem infância.
E se algo há de quebrado nesta tarde,
que baixa e que se parte,
são dois velhos caminhos curvos, brancos.
Por eles vai meu coração a pé.
Tradução: Ivo Barroso.
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