HENRY DAVID THOREAU
(Concord,
EUA, 1817 – 1862)
Escritor,
poeta, historiador e filósofo
Para
os seus contemporâneos, Henry Thoreau não passava de um discípulo menor do
filósofo e seu amigo íntimo Ralph Waldo Emerson, mais velho catorze anos e
autor já então muito conhecido.
Cem anos depois, porém, Thoreau passou a ser
considerado um dos gigantes da literatura norte-americana, admitindo-se
universalmente que fala muito mais ao nosso tempo do que pôde falar ao seu. A
sua vasta obra, em grande parte postumamente publicada, continua a mostrar-se
influente em domínios diversos: no amor pelas belezas naturais, na sátira de
costumes, na oposição às instituições estatais, na protecção e conservação da
natureza e seus recursos, na estilística do ensaísmo moderno.
No
dia 4 de Julho de 1845, aos 27 anos, enquanto a maioria dos estadunidenses
agitava bandeirinhas por entre o ruído do fogo de artifício e dos sinos,
Thoreau celebrava o Dia da Independência à sua própria maneira, inaugurando,
com um grupo de amigos (entre os quais Emerson), a cabana que construíra junto
ao Walden, um lago glaciar situado a uns 3 km de Concord.
Dera
esse passo com vista a pôr em prática as suas exigências de uma vida simples e
despojada, graças à qual, como depois há-de verificar, lhe será possível
trabalhar, no máximo, seis semanas por ano.
Thoreau, que levava muito a sério o
lema «um homem é rico em proporção ao número de coisas de que pode prescindir»,
confirmava assim o que declarara alto e bom som aquando da sua licenciatura na
Universidade de Harvard, invertendo as prescrições bíblicas: que o homem
deveria trabalhar um dia por semana e descansar nos outros seis ainda que este «descanso», no caso de
Thoreau, deva ser matizado, visto ele o dedicar a escrever e a observar
apaixonadamente a natureza.
Um dos seus objectivos ao ir morar para os bosques
era escrever uma obra sobre a viagem que em 1839 empreendera com seu irmão John
pelos rios Concord e Merrimack. E, curiosamente, na cabana escreverá A Week on the Concord and Merrimack Rivers e
Walden, os dois únicos livros que
pôde publicar em vida.
Curiosamente também, fez isso na altura da grande
migração que levou à chamada «conquista do Oeste», sem esta o atrair. Thoreau,
de facto, compreendera que necessitava de algo mais vital do que mudar de
geografia: impunha-se-lhe modificar o seu modo de vida.
Para
Thoreau, a verdadeira transformação é pessoal, interior, totalmente individual,
correspondendo à descoberta da divindade em cada pessoa como elemento
indissociável da natureza.
in “Antígona”
***
Palavras de Henry David Thoreau
“Se
queres um escudo impenetrável, permanece dentro de ti mesmo.”
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