A
Fábrica que eu Canto
Não sei o que produz, mas é
enorme,
E feita de tijolo, cor de fogo,
A fábrica que eu canto.
E à noite, quando está iluminada,
(Naquele bairro soturno, à beira rio),
Parece incendiada,
A fábrica que eu canto.
E feita de tijolo, cor de fogo,
A fábrica que eu canto.
E à noite, quando está iluminada,
(Naquele bairro soturno, à beira rio),
Parece incendiada,
A fábrica que eu canto.
Trabalha-se
de noite, nessa fábrica,
E ninguém se revolta.
De dia, nem se sabe que ela existe,
Fica sombria como todo o bairro.
Sombria, fria, triste…
-E ninguém se revolta.
E ninguém se revolta.
De dia, nem se sabe que ela existe,
Fica sombria como todo o bairro.
Sombria, fria, triste…
-E ninguém se revolta.
Ah! mas à noite, quando se ilumina
A fábrica que eu canto,
Tem a grandeza duma tempestade!…
É um monstro de fogo, apocalíptico,
Pairando na cidade,
A fábrica que eu canto!
Carlos
Queirós (Lisboa, Portugal, 1907 - Paris, França, 1949), in “Desaparecido”.
Imagem: Iberê Camargo (1914 – 1994), pintor brasileiro.
Imagem: Iberê Camargo (1914 – 1994), pintor brasileiro.
Não conhecia! Obrigada!
ResponderEliminarBoa noite. Obrigado. Este poeta não é muito, ou quase nada, conhecido em Portugal. Temos grandes escritores, poetas, actores, pintores, etc, que vão caindo no esquecimento. As nossas tv´s e rádios não têm, sequer, um programa sobre poesia. Antes do 25 de Abril de 1974, havia declamadores que tinham programas semanais dizendo todos os poetas. Hoje, a poesia não se vende nas livrarias e a maioria da população considera uma coisa chata. Sobre declamadores portugueses e, talvez, brasileiros divulgarei alguns nomes importantes, a partir de Abril. Cumprimentos.
ResponderEliminar