Súplica
Com a vossa mudez ou murmúrios subtis,
Dizei: Custa muito morrer?
Há lá, por esse mundo, uma outra vida,
Que valha a pena viver?
Mortos que em certas horas me tocais
Com a vossa mão fria,
Dizei-me: Com a morte tudo acaba,
Ou, como se nascêssemos de novo,
Um novo mundo principia?
Com a vossa mão fria,
Dizei-me: Com a morte tudo acaba,
Ou, como se nascêssemos de novo,
Um novo mundo principia?
Nada sei.
Sou inexperiente da morte,
Pois não morri ainda.
Queria saber e desvendar
Se com a morte que tomba
Alguma coisa começa,
Ou, se pelo contrário, tudo finda.
Sou inexperiente da morte,
Pois não morri ainda.
Queria saber e desvendar
Se com a morte que tomba
Alguma coisa começa,
Ou, se pelo contrário, tudo finda.
Esses que amei, com quem vivi, felizes,
Num mundo de amarguras povoado,
De novo, poderei tornar a vê-los,
Felizes ao meu lado?
Num mundo de amarguras povoado,
De novo, poderei tornar a vê-los,
Felizes ao meu lado?
Ilusões, quem as criou,
É um benfeitor
Que merece guarida!
Dai-me a ilusão, todos vós que morrestes,
De uma outra vida melhor
Para além desta vida.
É um benfeitor
Que merece guarida!
Dai-me a ilusão, todos vós que morrestes,
De uma outra vida melhor
Para além desta vida.
Alfredo
Brochado (Portugal,
1897-1949), in "Bosque Sagrado".
Sem comentários:
Enviar um comentário