O Humor existe em toda a parte
O humor existe em toda a parte. Só falta
saber se ele toma formas típicas, particulares de um povo, de uma nação ou de
um grupo religioso, profissional ou outro: os humores inglês, alemão,
americano, judaico, latina, etc.
Mas não: o humor é universal, e essa é
bem uma das suas grandes qualidades. É certo que o dito de humor se insere
inevitavelmente em estruturas e culturas concretas, mas pode ser apreciado por
todos porque vai sempre além do terreno que lhe deu nascimento.
Na internacional do humor, os humoristas
de todos os países estão unidos e animados por um mesmo espírito. O humor é um
sexto sentido que não tem menor utilidade que os outros.
Há os que estão dotados desse sentido e
há os que o não estão – esta imperfeição priva-os de um ponto de vista
essencial sobre o mundo: vêem-no, ouvem-no, tocam-lhe, saboreiam-no e
cheiram-no, mas não se apercebem de que ele existe.
Digamos, de uma forma menos provocatória,
que mergulham totalmente neste mundo, material ou espiritual, real ou imaginário,
e são incapazes de tomar distância, de separar-se, de ser livres; acorrentam-se
à sua representação do mundo sem ver que ela é apenas uma representação;
desempenham o seu papel com tal convicção que não vêem que é só um papel. Bem
se lhes pode repetir, com Shakespeare, que
… todo o mundo é um palco,
os homens e as mulheres, simples actores;
fazem as suas entradas e as suas saídas
e cada um na sua vida desempenha muitos papéis,
mas nada feito: levam o papel a sério.
os homens e as mulheres, simples actores;
fazem as suas entradas e as suas saídas
e cada um na sua vida desempenha muitos papéis,
mas nada feito: levam o papel a sério.
Imagem: Flora Borsi
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