quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O Humor existe em toda a parte

 
 
 
 
 
 

       O Humor existe em toda a parte
 
O humor existe em toda a parte. Só falta saber se ele toma formas típicas, particulares de um povo, de uma nação ou de um grupo religioso, profissional ou outro: os humores inglês, alemão, americano, judaico, latina, etc.

Mas não: o humor é universal, e essa é bem uma das suas grandes qualidades. É certo que o dito de humor se insere inevitavelmente em estruturas e culturas concretas, mas pode ser apreciado por todos porque vai sempre além do terreno que lhe deu nascimento.

Na internacional do humor, os humoristas de todos os países estão unidos e animados por um mesmo espírito. O humor é um sexto sentido que não tem menor utilidade que os outros.

Há os que estão dotados desse sentido e há os que o não estão – esta imperfeição priva-os de um ponto de vista essencial sobre o mundo: vêem-no, ouvem-no, tocam-lhe, saboreiam-no e cheiram-no, mas não se apercebem de que ele existe.

Digamos, de uma forma menos provocatória, que mergulham totalmente neste mundo, material ou espiritual, real ou imaginário, e são incapazes de tomar distância, de separar-se, de ser livres; acorrentam-se à sua representação do mundo sem ver que ela é apenas uma representação; desempenham o seu papel com tal convicção que não vêem que é só um papel. Bem se lhes pode repetir, com Shakespeare, que

 
… todo o mundo é um palco,
os homens e as mulheres, simples actores;
fazem as suas entradas e as suas saídas
e cada um na sua vida desempenha muitos papéis,

mas nada feito: levam o papel a sério.

 

Georges Minois, in "História do Riso e do Escárnio"

Imagem: Flora Borsi


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