Verdes Aparências
Eram de barro os
cântaros
que acolheram os
licores da carne.
Era de algodão cru
o tecido do lençol
que acobertava
um falso rei e uma
rainha falsa.
Sob as rosas mornas
onde os cacos se
devoravam
e a pressa dos
suicidas
apregoava
encantamento,
os cântaros vertiam
beijos de proveta
sobre a fenda
pretendida.
Avolumavam-se
outras fomes
e o ritmo da porfia
consagrava-se.
E ao som do
tilintar dos dentes
nas bordas da taça
de cristal,
voavam estilhaços
de vinho
e uma nódoa de
veneno
sobre a mesa
esparramava-se.
Era um tempo de
carnes secas
e verdes
aparências.
Maria
Luísa Ribeiro (Goiânia, Brasil)
Imagem: pintura de Wilson Braga (Brasil)
Muito obrigada por compartilhar, Taveira. Não conhecia. Tens mais indicações da autora?
ResponderEliminarBom dia, Letizia. A autora é advogada e licenciada em Letras. Actualmente é Presidente da Academia Goianiense de Letras. Tem vários livros de poesia e de literatura infantil. Abraço.
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